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'Puzzle' monta retrato crítico e poético do Brasil em Frankfurt

Peça de Felipe Hirsch, que estreia na Feira do Livro, se baseia em autores contemporâneos

NELSON DE SÁ DE SÃO PAULO

Na saída do último ensaio de "Puzzle" na Pompeia, zona oeste de São Paulo, uma semana atrás, a atriz Georgette Fadel disse que ninguém deve esperar teatro turístico, da peça que estreia hoje na Feira do Livro de Frankfurt. "Não, não é festinha de Carnaval. Não vamos para vender o Brasil."

A peça, como diz o nome, "Puzzle" (que significa quebra-cabeça ou enigma), título de um conto de Amílcar Bettega Barbosa, é uma reunião de textos e fragmentos de autores brasileiros contemporâneos.

"Mas com enfoque particular do Felipe Hirsch num retrato violento, crítico, e ao mesmo tempo poético, muito terno", diz ela.

Hirsch é o diretor do espetáculo, produzido pela Funarte e pelo Sesc São Paulo. "O orçamento era superlimitado, mas aí o Sesc entrou e possibilitou esse grupo de pessoas", diz ele. Além de Fadel, participam atores como Isabel Teixeira, Magali Biff e Marat Descartes. Também há a cenografia de Daniela Thomas e a música de Arthur de Faria.

Em entrevista na sala de ensaios, horas antes de embarcar, o diretor confirmou: "Claro, é uma apresentação da nossa literatura, mas, dentro do convite que foi feito, eu queria acertar contas com o país. Então, é uma leitura violenta. Este é um país terrível, que maltrata".

O espetáculo tem três partes. As duas primeiras concentram "este Brasil assustador". De início, "questões como os protestos [de junho], as redes sociais". Depois, descreve Hirsch, "o Itaim Bibi do [escritor] André Sant'Anna, com o ingresso da classe média e dos novos ricos no consumo desenfreado".

E tem a terceira parte. "A gente vai de oito a 80", diz Fadel. "Passa de textos difíceis de ouvir de tão cruéis, ultranaturalistas, até os mais líricos. E tem uma linha: das tendências para destruir, tornar tudo um caos, tanto que tem o Kaos' do Jorge Mautner, até o Juliano Pessanha, que saiu disso tudo."

CONFESSIONAL

Hirsch conta que Mautner não estava previsto e entrou depois, porque "se encaixava perfeitamente na conclusão". Por outro lado, a jovem autora Carol Bensimon, "um talento, uma pegada muito original", ficou de fora. "A gente não encontrou espaço na partitura do espetáculo."

A partitura termina menos social e mais "sobre literatura, imagens, uma outra coisa, bastante íntima". O diretor diz que não queria "acabar puramente no Brasil". A terceira parte resulta "bastante confessional, sobre aquilo que a literatura faz com quem escreve e com quem lê.

Ao longo da apresentação, as marcas da cenografia são papel e tinta, descreve ele: "A gente está falando o tempo todo, papel é papel'. Na Alemanha, onde Gutenberg prensou a Bíblia', o papel ganha muita força. E os editores hoje, em Frankfurt, já se veem mais como revendedores de direitos e menos como editores, porque a gente está se despedindo do papel."


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