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Crítica - Curta

'Revolução' de Madonna leva grifes a Guantánamo

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Na prisão de Madonna, os detentos são todos modelos. Ela também vai em cana vestindo grifes da cabeça aos pés --um universo em que Guantánamo encontra Balmain.

Tudo isso em nome da "liberdade de expressão". A cantora passou os últimos meses atiçando o público com notícias de que em breve lançaria uma revolução.

No caso, "Secret Projet Revolution" é um curta de 17 minutos já disponível no YouTube, em que ela encena sua própria prisão, aparece sendo torturada e estuprada e pratica uma chacina "clean", em que bailarinos são mortos à queima-roupa sem derramar uma gota de sangue.

Enquanto isso, ela declama um discurso contra um mundo que se tornou apático e "assustador", paralisado pela "falta de vontade que virou praga" e "desculpas para não reagir" diante de um desrespeito generalizado a todos os direitos humanos.

Dá tempo até de cantar uns trechos de "My Country, Tis of Thee", espécie de hino informal dos Estados Unidos, e tocar frases do discurso do sonho de Martin Luther King.

Ou seja, todos os clichês de uma América livre e pujante.

Quem assina a direção é o badalado fotógrafo de moda Steven Klein, que transforma Madonna e seus consortes em quase deuses de ébano e alabastro, dependendo da cor da pele, numa série de lustrosas imagens em preto e branco.

Mesmo com visual estonteante, que em muitos aspectos lembra o clássico clipe de "Vogue", a cantora faz apologia a não se sabe o quê.

Tenta chocar perguntando se seria levada mais a sério se ela fosse um negro com cabelo "black power" ou se fosse um árabe com uma bomba.

Fica difícil levar a sério sua revolução. Enquanto diz que quer igualdade para "gordos, deficientes, chineses, muçulmanos, gays e heterossexuais", todos no filme parecem integrar seu clã fashionista, rico e bem dotado.

Lembrando que ela acaba de contar que foi já estuprada em artigo na "Harper's Bazaar", sua "revolução" serve mais para chamar a atenção.


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