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Crítica - Contos

Eros Grau faz narrativa erótica ousada em linguagem simples

O DOMÍNIO DA CADÊNCIA TEXTUAL PREPARA AOS POUCOS O TERRENO PARA AS SITUAÇÕES MAIS FORTES

MARCIO AQUILES DE SÃO PAULO

Composto por uma novela e cinco pequenos contos, "Teu Nome Será Sempre Alice e Outras Histórias", de Eros Grau, é uma experiência ficcional que une ousadia temática e sofisticação formal.

A narrativa principal, que dá título ao livro, aborda a sexualidade sem amarras, ao tratar de relacionamento aberto, voyeurismo e formas de incesto --mais sugestivas do que explícitas-- de modo leve, sem medo de pisar em calos sociais conservadores.

O enredo surge em um cenário bucólico, uma casa com "um velho fogão de lenha" em uma cidade serrana, onde Bernardo surpreendentemente encontra fotos "românticas", "eróticas" e "cafajestes" de sua avó Alice amando outro homem, sob a angular do marido Pedro.

Excitação e curiosidade o motivam daí em diante a jogar luz na enigmática matriarca e sua relação conjugal.

Em termos de linguagem, a obra opta pela simplicidade, com vocabulário coloquial e sintaxe direta, apropriados ao fluxo da trama.

Às vezes há alguma redundância pelo excesso de didatismo. Por exemplo, no trecho "explodindo em expressões de prazer de todas as cores, apesar de serem todas em branco e preto", a oração final é totalmente supérflua, uma vez que já fora reiterado inúmeras vezes que o avô fotografava em P&B.

Também não faltam insinuações e pistas suficientes para permitir ao leitor antever sem dificuldade o desfecho da novela, o que não é demérito algum, já que a força da obra está na maneira como o autor cria uma ação rica e envolvente.

O domínio da cadência textual e o ritmo de revelação dos acontecimentos vão preparando aos poucos o terreno para as situações mais fortes, sem sobressaltos temporais ou elipses.

ANTAGONISMOS

Por meio de uma adjetivação forte, Eros Grau constrói um jogo visual interessante, que contrapõe o monocromatismo das fotografias à descrições coloridas de "mangas rosadas", "cabelos louros" e "nádegas azuis", espalhadas pela narrativa.

Os breves textos seguintes sugerem leitura autônoma.

No entanto, percebe-se claramente um código semântico --ora cifrado, ora exposto-- que relaciona esses contos curtos à novela inicial, seja na reaparição da máquina Rolleiflex Franke & Heidecke - Braunschweig ou nos "mamilos enrijecidos" que pululam aqui e acolá.


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