Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Angela Ro Ro lança disco com inéditas

Em 'Feliz da Vida!', que também sai em DVD, cantora recebe artistas como Frejat, Sandra de Sá e Maria Bethânia

'Desde que nasci, estou na fase paz e amor. Não sou pessoa de guardar ressentimento', diz, há 14 anos sem drogas

LUIZ FERNANDO VIANNA ESPECIAL PARA A FOLHA

Em parte dos autógrafos que dá, Angela Ro Ro, 63, escreve: "A música fez milagres em mim". "Foi a música que me salvou. Não dou crédito para nenhum médico, curandeirismo ou religião", diz.

Para, mais uma vez, celebrar esse amor que começou na infância, nas aulas de acordeom, a cantora e compositora está lançando o CD e o DVD "Feliz da Vida!" (Biscoito Fino). Das 16 canções, 13 são inéditas.

"O primeiro DVD (de 2007) só tinha filé, sucessos, lado A. Queria fazer uma coisa diferente", diz.

Da gravação realizada no Rio em 2012, participaram Frejat, Sandra de Sá, Jorge Vercilo e Diogo Nogueira. Em estúdio estiveram Moska, coautor da faixa-título, e Maria Bethânia, em "Fogueira".

Frejat faz duo em "Amor, Meu Grande Amor" e "Malandragem", música composta por ele e Cazuza para ela, que não incluiu no seu disco de 1988 e deixou o hit parar nas mãos de sua fã Cássia Eller.

Há faixas que parecem autobiográficas, como "Canto Livre". Ro Ro acha isso ingenuidade, ressaltando que "um produto de arte pode ser fictício". Mas a expressão "feliz da vida" traduz seu estado de espírito.

"Gosto de estar viva. Tive pais maravilhosos, não tive irmãos para encher o saco, não tive filhos, não tive netos, não casei. Que bom!", exclama, antes de dar a risada rouca que justifica seu apelido.

"Desde que nasci, estou na fase paz e amor. Não sou pessoa de guardar ressentimento, rancor, ódio. Dá um trabalhão. É a mesma coisa do que mentir. Mente uma vez, vai ter que repetir a mesma mentira o resto da vida. Só serve para testar a memória."

De 1972 a 1974, viveu em Londres. Foi faxineira de hospital e garçonete até conseguir tocar piano e cantar em pubs. Tocou gaita no disco "Transa", de Caetano Veloso, e aprendeu com a namorada de então a se virar, lavando meias, fazendo cama, algo que sua condição de filha única paparicada dispensava.

"Quase não nasci. Fui a sexta tentativa dos meus pais. Os outros não vingaram", relata ela, que por isso fez "Salve Jorge!", do refrão "Minha mãe mandou fechar/O meu corpinho, quando ainda era nenê".

Ela passou muitos anos no rol dos artistas malditos, por causa dos escândalos amorosos, do humor corrosivo e dos porres. Está há 14 anos sem beber nem usar drogas.

"Estava muito cansada, obesa, mais de 120 kg. As piores drogas são as lícitas: tabagismo e alcoolismo", diz. "A inspiração não pode ser inimiga da saúde. Uma vida sadia só pode aumentar o talento."

Diz que era perseguida pela polícia. Saindo de um bar, foi espancada por quatro policiais, até com barra de ferro. Perdeu a vista direita.

"Eles me pediam propina, eu não dava, sentavam a porrada em cima de mim. A segurança pública está nas mãos de bandidos piores do que os bandidos que eles deveriam estar combatendo. Só nos eventos dos últimos meses o que teve de gente que ficou cega e morta é uma sordidez."

Uma vida tão intensa renderia uma ótima biografia, autorizada ou não. "Não tenho nada a esconder. Já inventaram tudo, caluniaram, como se eu já não tivesse feito tantas besteiras. Para que inventar outras?", diz.

"Com a liberação de se escrever o que quiser, vai pintar muita porcaria em forma de livro. Comigo, pode vir quente que estou fervendo. Se pegar pesado com alguma coisa que me lese, existem escritórios de advocacia."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página