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Crítica música erudita

Programa duplo de ópera leva tema da traição ao Municipal

SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA

Nas duas histórias a soprano é traída pelo tenor; o barítono --que no primeiro caso ama a soprano, e no segundo é o marido traído da mezzo-soprano-- mata o tenor.

As semelhanças entre as óperas "Jupyra", do brasileiro Francisco Braga (1868-1945), e "Cavalleria Rusticana", do italiano Pietro Mascagni (1863-1945), entretanto, terminam aí.

Com direção cênica eficiente de Pier Francesco Maestrini e Victor Hugo Toro como regente da Sinfônica Municipal, as duas são apresentadas em sequência (na mesma noite).

Resgatar "Jupyra" (estreada em 1900) é importante para compreender a negligenciada música brasileira composta entre "Il Guarany" (1870), de Carlos Gomes (1836-96), e os modernistas de 1922. Braga escreve com fluência e sofisticação harmônica.

Teatralmente, no entanto, "Cavalleria Rusticana" é muito mais eficaz. Há maior controle do tempo psicológico da narrativa, há contrastes de densidade, além de brilhante caracterização das personagens. O libreto é superior ao de "Jupyra".

Orquestra e coro deram conta do recado, mas estão longe dos acordes timbrados, da sincronia e do som redondo que foi obtido há dois meses em "Aida".

Na quinta-feira, a soprano Elena Lo Forte --de voz bonita e forte presença-- interpretou a índia Jupyra e a camponesa Santuzza (protagonista de "Cavalleria"). Angelo Veccia foi o barítono matador das duas óperas, e Richard Bauer emprestou voz potente para Turiddu (em "Cavalleria").

Em grande fase, Fernando Portari (Carlito, em "Jupyra") soma volume invejável a um timbre belo e homogêneo, além de usar com refinamento recursos técnicos e estilísticos. Foi o destaque da noite.


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