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 37ª Mostra

Filme de 11 horas conquista 7 espectadores

Em única exibição no festival, 'Evolução de uma Família Filipina', de Lav Diaz, une saga familiar à história do país

Sessão que integra homenagem a diretor filipino começou com 11 pessoas, mas registrou quatro baixas até o final

ÚRSULA PASSOS DE SÃO PAULO

É possível ir de São Paulo a Paris em 11 horas. Mas, na sexta (18), um pequeno grupo de espectadores da Mostra Internacional de Cinema usou esse tempo para ver um filme: "Evolução de uma Família Filipina", de Lav Diaz.

O diretor filipino é um dos homenageados pela Mostra deste ano, com retrospectiva de 12 títulos de sua carreira. "Evolução" conta, em 660 minutos, a saga de uma família em paralelo à história de um país marcado pela ditadura.

A sessão começou às 14h, com 11 pessoas na sala de exibição. Do lado de fora, o bancário aposentado Miguel Tavares, 56, recusou o programa. "Um filme tão longo nos impede de ver mais filmes", disse ele, que frequenta a Mostra há 21 anos.

Na sala, a arquiteta Liliane Giannini, 53, ficou surpresa, pois escolheu o filme sem conferir a duração. "Se eu ficar duas horas está bom, pena ficar sem ver o final."

Como a exibição foi em DVD, a sessão foi interrompida nas cinco vezes necessárias para a troca dos discos.

Acompanhado da mulher, o professor Márcio de Oliveira, 42, se preparou para a maratona com travesseiro de pescoço, chá quente em garrafa térmica e castanhas.

Liliane saiu depois de três horas. "Ficaria mais tempo se não tivesse um compromisso", disse. Após três horas e meia, o médico Roberto Reis, 52, continuava firme. "O filme é de uma simplicidade comovente", elogiou.

Após quatro horas, apareceu Marcelo Serra, 34. O músico e analista de sistemas vinha do trabalho e lamentou não ter chegado antes. Como deixara o carro num estacionamento que fecharia à meia-noite, teria, ainda, de deixar a sessão antes do desfecho.

Já haviam se passado sete horas de história. O advogado Sérgio de Almeida, 27, não se intimidou. "Estou curioso sobre o final", disse ele, que levou biscoitos e energéticos.

Às 22h, a sala contava com os sete espectadores que continuariam até o fim.

É quase uma hora da manhã. Finda a sessão, Almeida se mostrou satisfeito. "O filme é bom, valeu a pena." O crítico Filipe Furtado, 31, que já tinha assistido à obra em casa, quis revê-la na sala de cinema. Também resistiu.

Ressurge Marcelo, o músico. E o carro? "Num dos intervalos fui trocar de estacionamento para ficar até o final."

A Mostra exibe outros 11 filmes do cineasta, entre eles "Morte na Terra de Encantos", de 540 minutos.


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