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Cineasta estreia com retrato da delinquência
Eleito melhor longa no Festival do Rio, 'De Menor' tem sessão única amanhã na Mostra
A cineasta Caru Alves de Souza cresceu acompanhando seus pais nos sets de filmagem. Mas a experiência não a levou a uma afinidade imediata com a sétima arte.
"Eu detestava ir ao set, nunca quis ter uma carreira igual à dos meus pais", afirma Souza, filha de Tata Amaral e Francisco César Filho.
Sua opinião começou a mudar após fazer uma aula de roteiro com Rubens Rewald, na USP. "Gostei de exercitar um lado criativo que não achei que tinha", conta.
Após dirigir alguns curtas, ela estreia na direção de um longa-metragem com "De Menor", que retrata a relação da advogada Helena (Rita Batata), que defende menores infratores, com o irmão Caio (Giovanni Gallo), um adolescente que acaba trilhando o mesmo caminho dos jovens que a irmã defende.
O filme venceu, junto com "O Lobo Atrás da Porta", de Fernando Coimbra, o principal prêmio do Festival do Rio.
PRIMA
A ideia do longa surgiu a partir das histórias que a cineasta ouviu de uma prima advogada. Souza também fez um trabalho de pesquisa, indo ao fórum de Santos (onde o filme é ambientado) para acompanhar audiências.
"Muitos meninos estão lá por coisas mínimas. Bastante gente não tinha família estruturada, nas quais não se sabia quem era o pai, ou o pai foi embora", conta.
"Não é um manifesto contra o sistema penal e a sociedade. É a história de dois irmãos, e a criminalidade é uma questão importante ali no meio. Minha posição está lá: estou a favor dos meninos, não da bandidagem", afirma. "Acho que os adolescentes que passam pelo fórum têm uma raiz social em tudo o que estão fazendo. Você não pode cobrar um comportamento pacífico de um menino que apanhou a vida inteira."
