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Biografia de político russo excêntrico beira a ficção

Limonov pertenceu a gangues, tentou suicídio e foi candidato à Presidência

Vencedora de prêmio francês, obra de Emmanuel Carrère incorpora tom pessoal à narrativa

MARIANA DELFINI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Eduard Limonov é um herói. Político de pouca expressão na Rússia e opositor do presidente Vladimir Putin, ele acumula façanhas de personagem da ficção. Gangues adolescentes, maratonas etílicas e tentativas de suicídio somam-se, em seu percurso aventuroso, a exílio, uma mulher ninfomaníaca, clandestinidade, meditação.

O russo, personagem de carne e osso, é protagonista de "Limonov", biografia vencedora em 2011 do prêmio Renaudot, o segundo mais importante da França. Quem narra sua história é o escritor e diretor francês Emmanuel Carrère, 55, de "O Bigode" e "Um Romance Russo".

Carrère, que participou em 2011 da Festa Literária de Paraty, incorpora à narração da vida de Limonov suas impressões sobre ele. "Não acredito em terceira pessoa para esse tipo de livro. Não acredito em objetividade", diz.

Com opiniões e suas próprias lembranças, o escritor se mostra nas frestas. "Falo de mim por honestidade. Prefiro mostrar quem está contando aquela história, de qual ponto de vista", afirma.

A paixão de biógrafo e biografado por "Os Três Mosqueteiros" embala "Limonov". A capa e a espada dos personagens de Alexandre Dumas caem bem ao russo: buscando o título de herói, ele se lançou em aventuras, que narrou em autobiografias.

O período depois do fim do regime comunista divide o protagonismo com Limonov. "Quis reunir duas coisas que não aparecem juntas: o romance de aventura, com um personagem intrépido, e um livro de história", diz Carrère.

De origem também russa, Carrère retomou o contato com o país há dez anos. Conheceu Limonov quando este viveu em Paris, nos anos 1980, e o reencontrou em 2006. "Ele me falou que estava esquecido no Ocidente e o livro era sua ressurreição."

A biografia para no fim de 2009, mas Limonov continua. Aos 70 anos, entra e sai da prisão e em 2012 tentou concorrer à Presidência.

"Ele se orgulha de ser detido", comenta Carrère. "Acho que ele vai ter um surto quando não se importarem mais em prendê-lo."


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