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Último show no Brasil foi teste à resistência dos fãs

DO EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

Lou Reed tinha 68 anos quando veio ao Brasil pela última vez, em 2010. Fez dois shows em novembro, ambos completamente diferentes daqueles que tinha apresentando antes no país.

Em 1996, cantou dois dias no Palace (São Paulo) e dois no Metropolitan (Rio). Voltou a São Paulo quatro anos depois, para show único no Credicard Hall. Em todos, misturou músicas de vários discos e não negou ao público os hits "Sweet Jane" e "Walk on the Wild Side".

Mas, nos shows de 2010, em 20 e 21 de novembro, subiu ao palco do Sesc Pinheiros com o Metal Machine Trio para 80 minutos de barulho. Sem os hits ou qualquer coisa que lembrasse uma canção.

O público de 1.100 pessoas em cada noite não gostou, mas Reed parece ter adorado a confrontação. Até voltou para um inesperado bis.

O show retomava seu trabalho mais radical, "Metal Machine Music", de 1975. Tratado na época do lançamento como brincadeira ou simples provocação, tem gravações rudes de guitarra reproduzidas em diferentes velocidades. Mas ele não apresentou uma versão fiel do álbum.

Reed improvisou o tempo todo, ao lado dos bons Ulrich Krieger, saxofonista, e Sarth Calhoun, que faz programação de sons eletrônicos.

Nos nove minutos que abriram o primeiro show, só microfonia incômoda. Pessoas colocaram os dedos nos ouvidos, incrédulas.

Reed ficou sentado com a guitarra. Além de tocar, cortava com mais barulho desagradável quando um parceiro esboçava alguma melodia.

Após meia hora, soltou o vozeirão em quatro frases incompreensíveis. E cantou: "Eu vejo através de seus olhos/ O que você vê?".

O show foi sem intervalos. Em 20 minutos, umas 50 pessoas foram embora. O esvaziamento continuou, e mais uma centena não chegou ao final. Reed se levantou da cadeira e foi até a frente do palco.

Com a microfonia detonando os tímpanos, disse que amava quem estava ali, soltou um "obrigado" em português e saiu de cena.

A plateia sofrida pediu bis. Sem uma resposta, começou a sair. Quando cerca de 50% do público já estava fora, Reed retornou. Sozinho, fez uma versão curta de "I'll Be Your Mirror", do primeiro álbum do Velvet Underground.

Esse "brinde" aos sobreviventes do barulho foi uma aprovação dele à plateia. Apesar das desistências, não houve vaias nem brigas com fãs, o que já tinha interrompido shows naquela turnê.

Reed saiu então ovacionado por seus seguidores, todos bem mais felizes.


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