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Antonio Prata faz retrato sobre a infância

DA COLUNISTA DA FOLHA

A infância que Antonio Prata, 36, retrata em seu novo livro, "Nu, de Botas" (Companhia das Letras), poderá parecer estrangeira a quem nasceu depois dos anos 1980.

É num cenário sem internet, "num mundo de pequenas barbáries no qual não existiam o protetor solar, o politicamente correto nem o photoshop", como define o autor, que se desenrolam os contos e crônicas protagonizados pelo menino Antonio, na flor da primeira infância.

"Se parar para pensar, há uma proximidade cultural maior entre quem nasceu entre o final da Segunda Guerra [1945] e os anos 1980 do que entre quem nasceu entre os anos 1980 e os anos 2000. Nesse sentido, o livro está preso no século passado", avalia o colunista da Folha.

As narrativas se passam em sua maior parte no bairro paulistano do Itaim (Bibi, e não Paulista, como descobrirá Antonio apenas depois de perder a chance, por pura falta de noção de endereço, de ganhar uma bicicleta do programa de TV do Bozo).

Nesse cenário, o menino descobre os tufos de poeira debaixo dos móveis, o divórcio dos pais, a morte de dois bichos de estimação, a sexualidade e os desafios da vida -- por exemplo, como esconder dos adultos o fato de ter feito cocô na calça no auge de seus quatro anos de vida.

Fatos da vida do autor estão lá (como o caso do cocô, cuja solução então imaginada e imediatamente desvendada pelos adultos foi vestir várias peças de roupa por cima da calça para ninguém reparar no estrago), embora a maior parte do material esteja lustrada pela ficção.

"Não dá para falar que uma memória dos quatro anos não seja ficção, porque não se pode lembrar o que é verdade e o que você inventou. O material já começa suspeito", diz o autor, que elaborou pensamentos e personagens a partir de "resquícios arqueológicos" da memória.

Os textos começaram a ser pensados há uma década, quando Prata foi convidado pela escola onde estudou até os seis anos a escrever sobre aquele período.

"Assisti aula com as crianças por dois meses. Então que reparei como aquelas memórias eram próximas de mim."

Um dos contos, "Waldir Peres, Juanito e Pölöskei", garantiu a Prata um lugar entre os 20 selecionados da concorrida "Granta -- Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros" (Alfaguara), lançada em 2012.


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