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Crítica - Drama

'Capitão Phillips' traz história real sem cair na reconstituição

O ESPAÇO SEM SAÍDA DE UMA BALEEIRA É O LUGAR PERFEITO PARA ENCENAR UM CONFRONTO DE PERSPECTIVAS

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

Uma história real, um drama relativo à sobrevivência em condições extremas e um thriller na máxima tensão. A mistura desses ingredientes em "Capitão Phillips" só precisaria de uma direção firme para que não desandasse.

O britânico Paul Greengrass, consagrado com um cinema nervoso e interessado em capturar instantes da história recente, era a mão apropriada para não deixar o episódio da tomada de um cargueiro americano por piratas somalis em 2009 se transformar em mais uma plataforma de propaganda do heroísmo.

Ao recuperar um fato jornalístico, portanto, uma trama que a plateia sabe como termina, "Capitão Phillips" pode se concentrar no que sua história tem de melhor: opor dois grupos sem proximidade aparente e expô-los ao máximo de fricção num embate conduzido por instintos.

Tom Hanks, um americano branco, bem nutrido e profissional respeitado, é feito refém por africanos negros, miseráveis e, talvez, levados por ideais obscuros.

Nosso ideal de civilização protegido sob camadas das tecnologias mais sofisticadas se confronta com uma imagem de barbárie representada por bandidos desnutridos e descalços. Ao serem expostos um ao outro, demonstra-se que ambos têm muito em comum, a começar pela vontade de superar e eliminar.

Greengrass retoma a estrutura de "Voo United 93", no qual o interesse também não se resumia à fidelidade da reconstituição. Como naquele filme sobre o que teria se passado dentro do avião derrubado antes de alcançar um alvo no 11 de Setembro, neste, o espaço sem saída de uma baleeira transforma-se em lugar perfeito para encenar um confronto de perspectivas.

Em vez de seguir o exemplo de um Oliver Stone, querer demonstrar alguma verdade oculta ou discutir razões ideológicas, "Capitão Phillips" prefere recuar para níveis mais elementares, nem por isso menos politizados.


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