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Crítica - Filosofia

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Ensaios buscam o outro lado niilismo para tempos atuais

EVANDO NASCIMENTO ESPECIAL PARA A FOLHA

O novo livro de Peter Pál Pelbart aborda uma questão filosófica fundamental para o pensamento crítico de Friedrich Nietzsche: o niilismo. Nessa coletânea de ensaios, a "vontade do nada" é tratada como sintoma de um esgotamento do processo histórico atual.

"O Avesso do Niilismo" não se perde, porém, no negativismo de seu macro-objeto de investigação; ao contrário, explora suas múltiplas definições a fim de atingir o avesso de seus efeitos.

Do ponto de vista material, o volume tem acabamento primoroso, sendo composto por duas partes mutuamente espelhadas: a um conjunto de textos em português se contrapõe, de forma graficamente invertida, um outro, em inglês. Esse bilinguismo decorre do fato de a editora N-1 estar dividida entre o Brasil e a Finlândia.

A reflexão de Pelbart se faz por meio de uma leitura cerrada de filósofos, com a intenção de desenvolver seu próprio pensamento. Além de Nietzsche, comparecem, entre outros, Giorgio Agamben, Gilbert Simondon, Martin Heidegger, Leo Strauss, Michel Foucault e, sobretudo, Gilles Deleuze, com ou sem a parceria de Félix Guattari.

Outros conceitos se articulam ao niilismo, formando uma cartografia do contemporâneo, mas igualmente extrapolando os limites da temporalidade, visto que atingem dimensão universal.

São discutidos o sujeito, as fronteiras da normalidade (com um olhar inovador para as doenças mentais), a noção deleuziana de território como apropriação e o conceito de biopoder, que gere todas as esferas da vida.

As novas formas de resistência também estão em questão. O autor faz alusão às manifestações internacionais ocorridas em 2011, tais como as ocupações populares na praça Tahir, no Egito, e na Plaza Del Sol, na Espanha.

Dentro dessa perspectiva, é interessante interpretar os movimentos que eclodiram em todo o Brasil neste ano como formas de redistribuição do poder promovidas pelos mais diversos grupos sociais, mas que, em seguida, foram negativamente retomados pelo grupo Black Bloc e pelas forças governamentais.

A questão é como pensar hoje, no encontro com a diferença, um espaço democrático que não corresponda a uma simples determinação do capitalismo que parece esgotado, nem a anseios de grupos de ideologia reacionária.

Essa seria uma forma de ir mais além do niilismo destrutivo, tal como o denso livro de Pelbart ajuda a refletir.


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