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Crítica - Drama

Baseada em peça de Brecht, encenação tem tese obsoleta

CAROLIN OVERHOFF FERREIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"O Patrão Cordial" da Companhia do Latão baseia-se em dois textos clássicos: "O Senhor Puntila e seu Criado Matti" (1941), de Bertolt Brecht, e "Raízes do Brasil" (1936), de Sérgio Buarque de Holanda. A tese obsoleta de Brecht de que o abismo entre o capitalista e seu motorista não pode ser ultrapassado ganha assim releitura nacional.

O oligarca esquizofrênico --quando bêbado é amável e quando sóbrio, um explorador-- é usado para apontar o dilema brasileiro da cordialidade. Realçando a comédia popular de Brecht, o espetáculo sugere que as relações pessoais ainda falam mais alto do que o cumprimento das leis objetivas e imparciais.

A montagem é muito bem trabalhada e coerente. Com cenário e figurino simples, apresenta um trabalho que preza o minimalismo cênico, a teatralidade inventiva e o trabalho do elenco.

No entanto, ao situar a peça nos anos 1970 e no interior do país, a distância temporal e espacial deixa transparecer sua falta de atualidade. Com o patrão como único ser ambíguo, o espetáculo insiste na diferença de classes no que diz respeito à impunidade e ao desrespeito aos direitos.

A impressão de defasagem resulta também da trama sobre o possível casamento da filha do patrão com o motorista que ocupa boa parte da montagem. A tentativa de trocar o noivo da elite pelo trabalhador é bastante divertida, porém reafirma a total impossibilidade de mobilidade social --já desatualizada.


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