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Crítica - Comédia

Filme resgata fórmula perdida em comédia desde Mazzaropi

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Inúmeras comédias atuais preocupam-se em falar com o grande público, mas quase todas desprezam a qualidade artística, como se uma coisa impossibilitasse a outra.

A fórmula dessa união, que parecia perdida desde a aposentadoria de Mazzaropi, é resgatada por Halder Gomes, diretor cearense que assina o divertido "Cine Holliúdy".

Na trama, um homem simples sonha em montar um cinema numa pequena cidade durante os anos 1970, quando o público deixava de prestigiar os filmes na tela grande para aderir em massa ao potencial hipnotizador da TV.

Estão lá alguns dos elementos que marcaram a época: a velha Telefunken colorida, os filmes de kung fu, a burocracia, o cinema de sábado à noite sendo substituído por programas de auditório e novelas.

Estão presentes também os arquétipos do sertão nordestino: a moça namoradeira, o prefeito demagogo, a primeira-dama com o rei na barriga, o obsessivo que repete as expressões como que para se certificar do que fala, o menino pobre e o menino rico, o ceguinho da praça (o cantor Falcão, um tanto subaproveitado), o casal de torcedores fanáticos (ela é Fortaleza, ele, Ceará), e segue o desfile.

Dessa maneira, "Cine Holliúdy" brinca com o jeito de ser cearense, mas também com o modo como o cearense é normalmente retratado no Sudeste do país: a alegria inventiva e a esperteza dominando sua essência.

Alternando o típico besteirol com um humor mais sentimental, o diretor consegue se filiar a um tipo de cinema popular que parecia enterrado. Não é à toa que a grande vilã do filme seja a televisão. É como se o filme dissesse: o caminho para o cinema brasileiro pode estar fora do dominante padrão televisivo.

Ao lidar inteligentemente com diversos clichês da comédia popular, inserindo-os dentro de um contexto cinematográfico de imenso ludismo, "Cine Holliúdy" consegue compensar seus pontos fracos (ritmo desigual, carnavalização excessiva em alguns momentos) pela valorização da paixão e da vontade.

São forças que não devem ser subestimadas.


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