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Crítica
Osesp volta da Europa com programa difícil regido por inglês
DO CRÍTICO DA FOLHAAlém da oportunidade de testar outras acústicas, turnês ajudam a formatar o som e incrementam a sincronia de um grupo musical. Depois de 15 concertos por seis países da Europa, a Osesp está de volta à Sala São Paulo.
Na última quinta-feira, a orquestra mostrou um som compacto e delicado em programa difícil regido pelo veterano inglês David Atherton.
Abriu com a orquestração feita pelo austríaco Anton Webern (1883-1945) da "Ricercata", uma fuga a seis vozes publicada por Johann Sebastian Bach (1685-1750) três anos antes de morrer.
Não há nada de romântico no Bach de Webern --mas igualmente não há espaço para um Bach barroco: é música do século 20 feita sem mudar as notas originais do alemão, usando tão só recursos de instrumentação.
O ponto alto do programa veio a seguir, um concerto dodecafônico --técnica que utiliza como estrutura uma série de 12 sons-- do alemão Bernd Alois Zimmermann (1918-70), nome frequentemente esquecido da vanguarda europeia do pós-guerra.
Seu concerto para oboé --obra de beleza estranha que tangencia os limites do instrumento-- teve execução limpa e impecável do piracicabano radicado na Alemanha Washington Barella, que no bis voltou a Bach.
Na segunda parte, a romântica "Sinfonia nº 2" de Sibelius (1865-1957) --apesar de uma ou outra hesitação nas trompas-- emanava coerência no desenvolvimento dos motivos.
Ela integra o projeto que pretende apresentar as sete sinfonias do compositor finlandês em três anos. Em 2013, já tivemos também as sinfonias nº 1 e nº 4 e, para o ano que vem, estão previstas as nº 3 e nº 5. (SM)