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(re)Faça-se a LUZ

Stephen King lança continuação do livro 'O Iluminado' e romance histórico sobre a morte de Kennedy

LUCAS NEVES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS

Danny Torrance, o garoto acossado por visões fantasmagóricas e torturante telepatia em "O Iluminado", cresceu.

Enjaulou demônios do passado em caixas imaginárias, errou por muquifos repetindo o script paterno de ataques de fúria, roubou uma mulher desacordada. Então, seu criador, o escritor Stephen King, acenou com a redenção.

Na recém-lançada continuação de "O Iluminado", "Doctor Sleep" (que sai em 2014 no Brasil pela Objetiva), o autor escala Danny para ajudar uma adolescente com poderes semelhantes aos dele a escapar de uma tribo de mortos-vivos.

"Desde 1977 [ano da publicação de O Iluminado'], o personagem nunca saiu da minha cabeça", diz King, 66, em entrevista à imprensa estrangeira de que a Folha participou, em Paris.

"Queria saber o que tinha acontecido a ele. E isso não é comum: normalmente, quando termino uma história, minha relação com aquelas figuras acaba."

Ele conta ter inicialmente temido que "Doctor Sleep" desagradasse aos fãs.

"Quem me aborda para dizer o quanto se assustou tinha 14 anos quando descobriu o livro, sob as cobertas. É claro que amedrontei essas pessoas; eram presas fáceis, eram virgens", brinca.

"Com 50 anos, já passaram por horrores como a perda de pessoas queridas, o câncer. Por isso, o interesse pelo gênero nessa faixa é menor."

TELEPATIA

Ex-alcoólatra e ex-viciado em cocaína, o autor emprestou verniz autobiográfico, em "O Iluminado", a Jack Torrance, o escritor beberrão e instável que aceita ser zelador de um hotel --o que vai representar sua ruína.

Os mais de 300 milhões de exemplares vendidos por King em quase 40 anos de trabalho (ao menos 70 títulos, entre romances, contos, poemas, novelas e não ficção) fazem pensar que talvez as origens da telepatia de Danny tampouco sejam remotas: o autor parece ter acesso privilegiado ao que vai pela cabeça de seus leitores.

Com uma antena de longo alcance, capta angústias, paranoias e valores de um microcosmo de escolas secundárias, supermercados, reuniões de Alcoólicos Anônimos e campos de beisebol. Esses sentimentos são quase que psicografados em tomos --"Doctor Sleep" tem 536 páginas na primeira edição americana--, aos quais King adiciona o sobrenatural.

"Sou um romancista da emoção", define. "O que você pensa me interessa, mas antes quero comover, fazer você estremecer, seus olhos se esbugalharem. O assunto do livro você descobre depois."

'NOVEMBRO DE 63'

A literatura de King inclui carros, caminhões e latas de sopa que ganham vida, animais ensandecidos, extraterrestres, crianças com superpoderes psíquicos, cenários distópicos e viagens no tempo.

É a essa última estante que pertence "Novembro de 63", romance histórico lançado agora no Brasil. O título é referência à morte do então presidente dos EUA, John Kennedy, num atentado em Dallas.

O episódio, que completa 50 anos nesta sexta-feira, é um dos gatilhos do périplo de um professor do Estado do Maine contemporâneo para setembro de 1958, quando tentará corrigir os rumos da história.

"É um daqueles raros momentos históricos em que tudo pode mudar pelas mãos de alguém que não é político, cientista, Nobel ou líder mundial", diz o escritor.

Esse fascínio pelo "average Joe" (o zé-ninguém americano) é a pedra fundamental da prosa de King, ornada com uma pátina da "grande história" dos EUA, país que ele hoje vê como "um lugar surreal para se viver, porque os dois lados [republicanos e democratas] não se falam".

Do autor que deixa fãs decidirem qual será seu livro seguinte e leiloa papel num romance vêm críticas a best-sellers da autopublicação:

"Não há filtros, ninguém para ler antes e dar conselhos. Você simplesmente joga lá [na internet]. Não há nada a ser feito, a não ser [esperar que] o público esteja interessado em qualidade. E é óbvio que nem todo mundo está, porque os livros Cinquenta Tons de Cinza', francamente, não são muito bons".


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