Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica - Instrumental

Arismar do Espírito Santo reafirma sua inventividade em trabalho 'econômico'

LUIZ FERNANDO VIANNA ESPECIAL PARA A FOLHA

Multi-instrumentista, hábil em tratar estilos brasileiros com pegada jazzística, Arismar do Espírito Santo poderia deitar e rolar no virtuosismo, no excesso de notas. Prefere o equilíbrio.

Não que faltem em "Roupa na Corda", CD comemorativo de seus 40 anos de carreira, momentos de total liberdade para os músicos, sobretudo para Fábio Peron (bandolim de dez cordas), que forma com Léa Freire (flautas) e Arismar o trio que toca em quase todo o disco. Mas é na economia que está seu charme.

A opção por um trio sem bateria ou percussão, em que o ritmo fica a cargo do piano e dos instrumentos de cordas, já encaminha essa simplicidade.

Todas as 16 faixas são compostas por Arismar, e uma, significativamente chamada "Outonal", retrata, na delicadeza de seus caminhos melódicos e harmônicos, a maturidade de um músico que pode se dar ao luxo de ser mais, preferindo ser menos.

Tendo tocado com Hermeto Pascoal, Arismar não foge do experimentalismo, mas, ao menos neste CD, os exercícios são permeados de suavidade. Mesmo em "Jaco no Jabour", referência a Hermeto (morador por muito tempo do Jabour, na zona oeste do Rio), os solos encantam sem se distanciar muito do eixo melódico.

Arismar pode fazer discretas citações, como a Tom Jobim na valsa "Aracy", sem deixar de imprimir sua assinatura de compositor e arranjador.

Os choros predominam, mas há espaço para um xote cheio de assimetrias como "O Xote Virou 7".

Por ser um disco longo, de 68 minutos, tanta delicadeza traz até alguma monotonia. São bem-vindos sustos como a faixa-título, em que o baixo bem percussivo de Arismar sustenta os solos avassaladores de Peron.

Nascido em Santos, o violonista, contrabaixista, pianista e baterista (mas não no novo CD) firmou-se nos últimos 20 anos como referência na música instrumental, sobretudo em São Paulo. Com "Roupa na Corda", reafirma sua inventividade sem perder a ternura --fortalecendo-a, aliás.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página