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Crítica - Comédia

Talento de Porchat não supera fraquezas de filme

'Meu Passado Me Condena' segue escola da comédia stand-up com câmera equivocada e raras 'gags' visuais

A PRODUÇÃO SE PREOCUPA TANTO COM O MERCADO QUE PARECE SE ESQUECER DE QUE ESTÁ FAZENDO UM FILME

INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA

Começando por Fábio Porchat, que eu mal conhecia: em "Meu Passado Me Condena", ele se mostra um talentoso cultor da escola stand-up, que é baseada em "gags" verbais. Não é pouco, já que o recente humor brasileiro tomou a baixeza, a intimidação e a boçalidade como fatores centrais da comédia.

Aqui, o personagem de Porchat é Fábio, que se apaixona, se casa e sai em lua de mel com Miá (Miá Mello) --tudo isso no espaço de um mês. A viagem será de navio, até a Itália.

Nesse trajeto ele será bem acompanhado por Miá, um pouco mais pé na terra do que ele. O essencial é que Porchat diverte a plateia com suas tiradas verbais e as pequenas confusões que mais provocará do que enfrentará. O roteiro prossegue para servir ao comediante: ao longo do trajeto, eles encontrarão ex-namorados, provocando ciúmes etc. Não é muito e não é necessário que haja muito mais.

O ponto crítico do filme é a realização, à altura do jovem cinema "paulistocarioca": preocupa-se tanto com o mercado que parece se esquecer de que está fazendo um filme.

"Meu Passado Me Condena" não produz, do começo ao fim, uma mísera "gag" visual (mentira: há o momento em que Fábio bate num aparelho elétrico de enxugar as mãos e o dispara).

Tem-se a impressão de que a diretora é incapaz de fazer um campo-contracampo decente. A câmera está colada no rosto dos atores quando podia estar aberta e vice-versa. Isso para não falar do interlúdio no norte da África, onde a câmera sai correndo aflita atrás dos atores, dando a impressão de que está filmando clandestinamente ou algo assim.

Em poucas palavras: neste filme, Fábio Porchat revela-se um humorista com talento para marcar o cinema das próximas décadas. Será necessário para isso que aperfeiçoe o uso do corpo, compondo um tipo mais completo (não apenas verbal) e que se disponha a aprender com os mestres clássicos (para ficar com os locais: de Oscarito a Zé Trindade). É bom que trate de fazer isso por conta própria: já se viu que não está fácil achar parceiros para comédias decentes.


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