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Crítica - Romance

Psicanálise orienta construção dos personagens de Jo Nesbo

MARCIO AQUILES CRÍTICO DA FOLHA

Uma colega workaholic, com gosto por práticas sadomasoquistas e raciocínio rápido. Essa é Katrine Bratt, parceira do policial Harry Hole em "Boneco de Neve", sétimo romance do escritor norueguês Jo Nesbo protagonizado pelo investigador durão.

Juntos, têm que desvendar uma série de assassinatos em Oslo, anunciada pelas gélidas figuras construídas em frente aos lares das vítimas.

A história é contada em capítulos breves, o que gera saltos espaço-temporais constantes, responsáveis pelos efeitos de suspense. Prestes a acontecer algo tenebroso, o autor desloca a narração para um momento passado ou outra localização geográfica.

Nesse vaivém, introduz Gert Rafto, policial da cidade de Bergen, que, como o protagonista, tem "péssima relação com a bebida, temperamento difícil, [...] moral duvidosa e uma ficha bastante suja".

Nesbo enfatiza, assim, dois elementos chaves do enredo: o estranho (materializado nos bonecos de neve e nas manias do assassino) e a figura do duplo (Hole/Rafto), categorias canônicas da crítica psicanalítica --e exploradas sobretudo pela literatura fantástica.

O andamento da narrativa é marcado pela exposição de pistas falsas, que induzem à dedução errônea de que o leitor descobriu o serial killer.

Não foge também a outro clichê do noir, estruturado em hierarquias horizontais: todos os personagens são potencialmente suspeitos.

O que torna a leitura do romance agradável é o talento de Nesbo no emprego da etopeia, recurso literário utilizado para esmiuçar o caráter e as paixões dos personagens.

À medida que o narrador os perfila, revela camadas de complexidade psicológica além dos estereótipos previstos em prosas do gênero. Todavia, não chega, como se clama, a revolucionar em termos de forma e conteúdo.


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