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Livro traz 'polifonia' do móvel brasileiro

Volume analisa ideário, função e uso do design de mobiliário na perspectiva cultural e traz perfis de 63 criadores

Edição mostra peças criadas desde a década de 1980 até hoje e reúne textos e imagens de obras selecionadas

MARA GAMA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Industrial, artesanal, produzido em larga escala, de peça única, ergonômico, funcional, ornamental, modulado, bem-humorado, interativo, personalizável, urbano, reciclado, orgânico, caríssimo e de preço justo.

O design de mobiliário atual brasileiro é "polifônico", na visão da crítica Adélia Borges, uma das autoras do livro "Móvel Brasileiro Contemporâneo", que será lançado na quinta que vem (28) em São Paulo.

O livro elenca os mais representativos designers de mobiliário do país, dos anos 1980 até hoje, com perfis e imagens dos trabalhos.

Entre os 63 nomes reunidos no livro, figuram Aida Boal, Alfio Lisi, Aristeu Pires, Baraúna, Bernardo Senna, os Campana, Carlos Motta, Claudia Moreira Salles, Domingos Tótora, Hugo França, Índio da Costa, Jader Almeida, Marcelo Rosenbaum, Ovo, Nada se Leva, Paulo Alves e Zanini de Zanine.

Com direção editorial de Paulo Herkenhoff, um dos mais importantes curadores de arte contemporânea do país, a seleção de designers foi feita por Adélia Borges, pelo historiador da arte e do design Rafael Cardoso e pelo próprio Herkenhoff.

Mas o levantamento criterioso dos criadores mais importantes e a elaboração de textos biográficos precisos não são a única riqueza do volume.

O "Móvel Brasileiro Contemporâneo" conta também a história da produção moveleira no país desde os anos 1950 e discute o design de mobiliário na dimensão estética e na perspectiva cultural, com ensaios dos três autores, atualizando a discussão sobre usos e funções.

"Móveis, como arquitetura, roupas e joias, são emblemas ideológicos. O móvel brasileiro contemporâneo não está isento de funcionar como sintoma de poder e de status do proprietário", escreve Paulo Herkenhoff.

"A marca atual é a diversidade. Convivem no Brasil a produção totalmente artesanal, a totalmente industrial e as nuances entre os extremos", registra Adélia Borges.

INDÚSTRIA

A indústria está mais aberta para o design e para os designers. Há designers que mantêm linhas artesanais em seus estúdios e criam séries para empresas.

Outra característica atual é a maior presença no circuito internacional. "O Brasil deixou de ser visto como copiador e passou a ser visto como criador", escreve Borges.

A diversidade está também nas linguagens, na exploração de materiais, nas abordagens e no tipo de projeto. Para a autora, não há como definir uma única identidade brasileira. "Há várias", diz.

Durante muito tempo, essa identidade era dada pelo material, a madeira. A partir dos anos 1980, passou a ser resultado também de pesquisas sobre técnicas de marcenaria difundidas pelos portugueses e tipologias de móveis coloniais, como bancos coletivos, banquinhos, mesas dobráveis e marquesas.

TÉCNICA E PROCESSO

Desde os anos 1990, a discussão se voltou também para os procedimentos, "uma forma de expressar a brasilidade não mais centrada na matéria, mas na atitude, na capacidade de criar em condições adversas, de improvisar com o que encontra disponível em seu cotidiano", como aponta Borges.

Para ela, os irmãos Humberto e Fernando Campana são exemplares dessa abordagem. "Desde o início de sua atuação eles são firmes ao reiterar que abdicavam da tentativa de arremedo da perfeição dos móveis italianos em favor da ideia de tirar partido da precariedade, de trabalhar com os materiais e com as técnicas --banais, pobres-- que tinham à mão".

O livro foi patrocinado pela FGV Projetos, que já havia editado em 2012 o "Móvel Brasileiro Moderno", com a produção do país entre as décadas de 1920 e 1960.


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