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Análise

Herdeiro de expressionistas se sobressaiu com obra colorida

FABIO CYPRIANO CRÍTICO DA FOLHA

Gilvan Samico foi um dos principais gravuristas brasileiros. Com dragões, serpentes, leões e personagens folclóricos, advindos de narrativas míticas, Samico construiu uma obra única, marcada por conjugar as culturas erudita e popular.

Essa marca teve início em 1963, quando realizou a gravura "O Boi Feiticeiro e o Cavalo Misterioso", criada a partir da observação dos folhetos de literatura de cordel.

"Eu já conhecia gravadores populares e não queria imitá-los. Li os folhetos e vi que, no texto sim, havia inspiração, em como eles extrapolam o mundo real, foram as narrativas que me interessaram", disse Samico à Folha, em Olinda, onde vivia, pouco antes de realizar sua maior retrospectiva em São Paulo, na Pinacoteca do Estado, em 2004.

Contudo, além dos textos imaginativos, Samico ainda apropriou-se do grafismo usado pelos gravadores populares.

"Observei as capas dos folhetos de cordel, com estruturas rígidas, e abstraí as imagens me utilizando das organizações gráficas", afirmou, ainda, o artista na mesma entrevista.

"Suzana" (1966) é a obra que marca essa mudança.

Samico pode ser considerado descendente direto de Lívio Abramo (1903""1992) e Oswaldo Goeldi (1895""1961), os dois gravuristas brasileiros mais influentes da primeira metade do século 20, já que estudou com ambos.

Contudo, ao contrário das marcas soturnas, herança do expressionismo alemão em Abramo e Goeldi, Samico sobressaiu-se ao criar uma obra colorida, de grandes dimensões e marcada por expressar histórias baseadas em temáticas populares, não só brasileiras, como "A Caça", de 2004.

Nela, ele inspirou-se em uma lenda contada pelo ensaísta uruguaio Eduardo Galeano, em "Memória do Fogo", sobre a história de um esquimó.

Desde a década de 1970, Samico passou a criar apenas uma gravura por ano, o que se vê pela intensa dedicação e refinado acabamento de cada uma delas.


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