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Morre aos 85 o gravurista Gilvan Samico

Artista despontou ao lado de Suassuna no movimento Armorial, explorando mitos do Nordeste e literatura de cordel

Um dos maiores nomes do Brasil nessa técnica, pernambucano foi aluno de Lívio Abramo e Oswaldo Goeldi

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Morreu ontem no Recife, aos 85, o artista Gilvan Samico, vítima de câncer na bexiga. Nos últimos meses, havia sido internado algumas vezes no Real Hospital Português, na capital pernambucana, mas médicos diziam que sua doença já era incurável.

Seu corpo seria cremado ontem à noite no cemitério Morada da Paz, em Paulista, nos arredores do Recife.

Um dos maiores nomes da gravura nacional, Samico foi aluno de mestres como Lívio Abramo e Oswaldo Goeldi.

Depois de uma temporada na Europa e de voltar a Olinda, onde vivia, se aproximou do escritor Ariano Suassuna e se tornou um dos maiores nomes do movimento Armorial, que criou arte erudita a partir de ícones da cultura popular nordestina.

Samico se firmou na xilogravura criando alegorias de linhas fortes e de alto contraste ancoradas em mitos e lendas populares. Embora no início tenha se influenciado pelo realismo social de Abelardo da Hora, sua produção depois adotou formas mais depuradas e precisas.

"Poucas vezes um artista teve tanto rigor e determinação. É um trabalho de uma grandeza, espiritualidade e transcendência raros de ver num artista brasileiro. A prática da gravura dele é uma coisa quase religiosa. Foi um dos grandes artistas entre nós." disse Ivo Mesquita, diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Para Marcelo Araujo, secretário paulista da Cultura, Samico foi um "homem erudito", que articulou "a grande tradição da gravura ocidental com questões locais do Nordeste".

"Era o maior xilogravador vivo no país", diz Vilma Eid, da galeria Estação, que representa a obra em São Paulo.

Suas obras mais recentes, expostas no ano passado, são uma terceira via entre o movimento Armorial e a escuridão que observava na obra de Goeldi, mesclando enredos que "vêm de dentro" e amortecendo a estridência tropical de Olinda em composições mais fechadas. "Comecei a tentar conter a imagem toda dentro do espaço", disse Samico à Folha em junho do ano passado.

Ele deixa a mulher, Célida, dois filhos e três netos.


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