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São Paulo se transforma em palco de espetáculos
Peças conduzem espectadores em percursos por espaços urbanos
Em cenas passadas no metrô, em cemitérios ou em supermercados, público também é ator dos espetáculos
Uma atriz brinca de balanço em pleno Anhangabaú em "Tareias", peça itinerante do Grupo Redimunho. Pendurada numa corda de 10 metros, ela se move tendo a cidade de São Paulo como cenário.
Guiada pelos comandos de uma voz digital, uma espectadora munida de fones de ouvido torna-se protagonista em "Remote São Paulo", obra do coletivo alemão Rimini Protokoll que se apresenta na capital paulista depois de passar por cidades europeias.
Os participantes da peça fazem um trajeto por espaços públicos de São Paulo, como metrô, cemitério e supermercado. Mesmo caso de "Origem Destino", criação da Cia. Auto-Retrato.
As obras do Teatro da Vertigem também se desenvolvem fora dos palcos, em espaços urbanos. Para celebrar os 21 anos do coletivo, o diretor Antonio Araújo exibe neste final de semana os filmes de suas principais criações.
Em comum, esses espetáculos redimensionam a relação entre ator e espectador e convidam o público a estabelecer um novo relacionamento com sua cidade.
"No teatro tradicional, as relações entre palco e plateia estão definidas. Queremos dar ao espectador a liberdade de tomar sua posição", diz o diretor de "Remote São Paulo" Stefan Kaegi.
Ele acredita que cada participante de sua peça atua como um cineasta. Quando está diante de um cemitério no Belenzinho, por exemplo, e escuta em seus fones de ouvido perguntas como "Você sabe quando vai morrer?", pode projetar o passado em seu filme imaginário ou fazer diferentes recortes do que vê.
"O uso do MP3 torna o espectador mais atento", afirma Cristiane Zuan Esteves, diretora do grupo OPOVOEMPÉ, que auxiliou a produção de "Remote São Paulo" e estreia "A Festa" em dezembro.
Parte da trilogia "A Máquina do Tempo (ou longo agora)", "A Festa" junta público e atores em uma espécie de Poupatempo para falar da espera e da aceleração do tempo.
