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Crítica reportagem

Apesar de viés pró-Obama, livro sobre Bin Laden vale a leitura

RICARDO BONALUME NETO DE SÃO PAULO

"A Caçada", do jornalista americano Mark Bowden, narra uma década de esforços do governo dos Estados Unidos para encontrar e matar o "terrorista número 1" do planeta, Osama bin Laden.

Bowden tem credenciais impecáveis, desde que trabalhava num dos mais influentes jornais da costa leste americana, "The Philadelphia Inquirer", e escreveu o best-seller "Falcão Negro em Perigo", obra pioneira sobre a conturbada ação militar americana na Somália em 1993 (e que virou elogiado filme em 2001).

Agora, ele buscou um tema já muito explorado pela imprensa e pelo mercado editorial. Houve, por exemplo, um livro precoce escrito por um membro das forças especiais da Marinha americana que mataram o homem. Descreve o momento final.

Bowden preferiu outra opção: destrinchar o que aconteceu em uma década de busca ao inimigo número 1 dos Estados Unidos antes de o sujeito levar um tiro na testa e ser enterrado no mar.

Resumindo, foi uma confluência de novas tecnologias de espionagem e de apoio à mais antiga delas, o "homem no terreno". Claro, em se tratando do país mais rico e mais avançado tecnologicamente do planeta, as técnicas de vigilância têm destaque.

SUPERCOMPUTADORES

Bin Laden foi localizado, como o livro deixa claro, quando ficaram maduras técnicas que aproveitam o poder de supercomputadores e softwares inteligentes para rastrear alvos específicos.

E claro, a "arma da moda", o "vant" (veículo aéreo não tripulado), também conhecido pelo apelido em inglês, "drone" (literalmente, zangão), que serve tanto para rastrear um alvo secretamente como para eliminá-lo com um míssil se for o caso.

Quando a CIA encontrou um dos arquitetos do 11 de Setembro, Ibrahim Saeed Ahmed, seus agentes utilizaram drones para vigiá-lo. Ele levou os americanos à casa em Abbotabad, Paquistão, onde Bin Laden estava escondido.

Bin Laden era importante demais para ser alvo de um mero míssil, uma missão que não teria como provar sua morte. Era preciso enviar uma força especial para lidar com ele, capturá-lo ou matá-lo.

Mas, como destacaram as resenhas na imprensa internacional quando o livro saiu nos EUA, parte da informação teria vindo de torturas de terroristas capturados.

Tudo indica que foram dados importantes, mas não essenciais, para a operação final contra Bin Laden. Mas isso bastou para criar uma polêmica em torno da obra.

Uma resenha do "New York Times" cutucou outra ferida. Segundo a crítica do jornal, o livro mostraria a "triste verdade" sobre o "jornalismo de acesso".

O que significa? Acesso a fontes importantes. No caso, Bowden pôde entrevistar Obama por uma hora e meia no salão oval da Casa Branca. Acesso ao qual poucos tiveram, mas que deu ao livro um viés pró-governo.

Mesmo assim, trata-se de uma boa leitura. O ritmo é de romance de espionagem, com passagens que lembram séries de TV, um misto de "The West Wing", "Homeland" e "Person of Interest" --focadas em poder, terrorismo, vigilância interna e externa.

Bowden pode ter sido bonzinho com Obama. Mas seu trabalho vale a pena.

A CAÇADA
AUTOR Mark Bowden
EDITORA Objetiva
TRADUÇÃO Helena Londres
QUANTO R$ 32,90 (248 págs.)
AVALIAÇÃO bom


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