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Crítica - MPB

'Carta de Amor' reforça carga dramática de Maria Bethânia

LUIZ FERNANDO VIANNA ESPECIAL PARA A FOLHA

Como todo show de Maria Bethânia vira disco, o primeiro temor é de que não se verá/ouvirá muito mais do que já se viu/ouviu. Mas "Carta de Amor" tem um ponto de partida que reforça a dramaticidade típica da cantora.

A faixa-título é um longo texto que Bethânia escreveu após sofrer duras críticas por ter tido aprovada, por comissão da Lei Rouanet, a possibilidade de captar R$ 1,3 milhão para um site de interpretação de textos literários.

Ela desistiu do projeto, do qual não foi a idealizadora, e reagiu com palavras de raiva."Não mexe comigo/ Que eu não ando só" é o refrão cantado em meio aos versos falados. No palco, sendo a cantora tão teatral, a dor fica nítida.

Na primeira parte do DVD (e no primeiro dos dois CDs), ela já emenda o poema "Cântico Negro", de José Régio ("Não sei por onde vou/ Não sei para onde vou/ Sei que não vou por aí!") com o divertido desabafo de "Não Enche", de Caetano Veloso.

Na segunda, canta "A Nossa Casa" (de Arnaldo Antunes e outros), "A Casa É Sua" (Arnaldo Antunes/Ortinho) e "Minha Casa" (Joubert de Carvalho), parecendo demarcar seu território e dos que quer perto.

Ainda se poderia citar "Fera Ferida" (Roberto e Erasmo Carlos), "Reconvexo" e "Escândalo" (ambas de Caetano) como outras peças da afirmação de qual é o seu lugar, no qual não cabe qualquer um, a despeito da multidão de fãs.

Ao concentrar, sobretudo na primeira parte, as câmeras em Bethânia, deixando os músicos à margem, a diretora Bia Lessa parece enfatizar que o foco é a cantora e o que ela tem a dizer e cantar.

Há muita delicadeza e alegria, como em "Fogueira", "Negue", "Guacyra"... Mas é questionável um repertório com quatro Gonzaguinhas para só um Chico Buarque.


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