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Crítica drama

Em vez de 'pobres coitados', cineasta destaca valentes

O essencial é que podemos observar o rosto dos imigrantes ilegais que chegam aos EUA, cada um deles, e entender melhor o sentido de sua odisseia

INÁCIO ARAUJO DO CRÍTICO DA FOLHA

2013 é um ano que, aparentemente, quer se salvar (do ponto de vista cinematográfico) numa só semana.

"La Jaula de Oro" é o filme mexicano que se destacou na seção Un Certain Regard, em Cannes, e na Mostra de São Paulo, com a história de um grupo de adolescentes que tenta viajar da Guatemala à Califórnia clandestinamente.

No caminho encontrarão todo tipo de obstáculo: as polícias de imigração, ladrões, assassinos, sem falar dos coiotes --aqueles que prometem ajudar os imigrantes a passar a fronteira.

Apesar desses elementos, Diego Quemada-Díez não faz um "filme de pobres coitados". Ao contrário: é um filme de valentes, começando por Sara, a menina que se faz passar por homem para melhor enfrentar a empreitada.

Existe algo de faroeste nisso, de um épico de pessoas simples e até embrutecidas que lutam para sobreviver (ficar na favela em seu país é o mesmo que morrer).

Sobreviver, no caso, significa sonhar --projetar algo para o futuro. É com esse espírito que o grupo liderado por Juan enfrentará o desafio da estrada de ferro.

A estrada de ferro, aliás, nos remete a outro tipo de filme: aqueles que evocam o tempo da Depressão, dos anos 1930 nos EUA.

TERRA PROMETIDA

São trens cheios de gente com a mesma ideia, a de chegar a essa terra prometida que são os EUA.

Entre prisões, assaltos, sequestros e ameaças de morte, surgirá entre os garotos uma forte solidariedade, a ponto de Juan em dado momento esquecer o ciúme que sente do índio Chauk: é mais fácil sobreviver em grupo, é verdade, mas também não se pode viver sozinho.

É a moral do faroeste, de novo: esse estranho menino que os segue, que nem mesmo fala espanhol, aos poucos torna-se um companheiro estranhamente indispensável de jornada.

O que será dessa travessia? Não se pode contar, é claro. O essencial é que, ao final, podemos observar o rosto dos imigrantes ilegais que chegam aos EUA, cada um deles, e entender melhor o sentido de sua odisseia, as dores que carregam, os pedaços de alma que deixaram pelo caminho.

Um filme que nos consegue aproximar desse mundo tão falado e tão ignorado consegue muito mais do que nada.

LA JAULA DE ORO
DIREÇÃO Diego Quemada-Díez
PRODUÇÃO México, 2013
ONDE Reserva Cultural
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom


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