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Crítica experimental

Público integra peça de três horas feita por grupo londrino

CAROLIN OVERHOFF FERREIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRES

Um armazém de quatro andares recebe a montagem mais recente do aclamado grupo de teatro londrino Punchdrunk, destaque das comemorações do aniversário de 50 anos do National Theatre, emblemático teatro nacional britânico.

Em "The Drowned Man" (O homem afogado), o público é parte integrante do espetáculo. Ao entrar, a pessoa recebe uma máscara branca que deve usar sempre e pode retirá-la apenas no bar, para descansar das andanças pelo prédio.

Ao longo de três horas, os 600 espectadores podem vagar livremente pelo espaço de 61 mil metros quadrados que recria um estúdio de cinema americano dos anos 1950 com os mínimos detalhes.

Cada um pode fazer seu próprio roteiro e explorar sets, salas de reuniões e camarins, ou pode seguir o percurso de um personagem específico. É preciso assistir o espetáculo mais de 30 vezes para ver todas as cenas.

A companhia existe desde 2000. Seu diretor, Felix Barrett, estava cansado do teatro convencional e elaborou uma nova forma para envolver a plateia, misturando teatro com dança e artes visuais.

A experiência de perambular mascarado é extraordinária. Passear pelo espaço permite vivenciar e refletir sobre o imaginário do mundo do espetáculo, a sensação de ser parte de um universo já extinto, mas vivo na memória.

No total, são 34 bailarinos nos papéis de atores, produtores, técnicos e diretores. Sob os olhares de grupos de mascarados, atuam e dançam (com coreografia de Maxine Doyle) na areia de um deserto, em um bar de faroeste, cantam no set de um ginásio ou brigam entre trailers num bosque. Tudo em um ambiente fantasmagórico, resultado da iluminação escassa.

Quando se segue um personagem, a experiência é menos agradável. O público acelera o ritmo para acompanhá-lo e substitui a contemplação pela corrida atrás de cenas que tornam-se difíceis de assistir. Algumas delas, sobretudo entre os personagens atores e produtores, contam apenas com lugares comuns sobre os jogos de poder nos bastidores de Hollywood.

No Reino Unido, a companhia de teatro imersivo já ganhou imitadores que exploram de outras maneiras essa nova proposta estética.

O espetáculo em si provocou muito debate acerca do seu possível esgotamento. Quem vê pela primeira vez, no entanto, fica fascinado e deseja vivenciar mais vezes esse tipo de experiência.


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