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Crítica drama

Coreano cria filme encantador usando apenas pequenos distúrbios do cotidiano

INÁCIO ARAUJO DO CRÍTICO DA FOLHA

É aos poucos que nos acostumamos ao cinema de Hong Sang-soo, tão diferente de outros cineastas da Coreia do Sul que chegaram até nós. Cinema de câmara: poucos personagens, pequenos acontecimentos, distúrbios do cotidiano em histórias de mãe e filha.

Em "A Filha de Ninguém", tudo começa quando a mãe de Haewon (Jeong Eun-Chae) decide viver no Canadá. Mãe e filha conversam, como com frequência nos filmes do cineasta, num restaurante. A mãe pergunta se ela vai se dar bem com o pai. Haewon responde que sim.

Mas nunca vemos esse pai. Estar longe da mãe, com quem troca impressões sobre si própria e o mundo, é condição para Haewon iniciar sua corajosa jornada pessoal. Ninguém a protege da vida.

Sozinha, a pessoa a quem chama para conversar é Seongjun, seu professor na escola de artes. Ou, mais precisamente: professor, cineasta e namorado.

Haewon precisa descobrir o que pretende e que destino deve dar a seu namoro furtivo com um homem mais velho. Namoro em grande parte não assumido por ele (que é casado), mas que se encontra na vida da jovem candidata a atriz por diversos motivos.

Uma história sem nada de muito especial, percebe-se, e não admira que Sang-soo seja assimilado como uma espécie de Eric Rohmer oriental.

Trata-se, como no diretor francês, de ir e vir pelos mesmos caminhos, de encontrar as pessoas ou desviar-se delas, de conversar ou calar. Decidir sobre a vida. Algo próximo ao que já se viu em "Hahaha" e "A Visitante Francesa", já exibidos aqui.

Cada um dos episódios é insignificante em si. Episódios banais, dos quais o autor extrai um filme sem banalidade: Sang-soo concentra a atenção nos gestos e no falar das personagens, nas paisagens que explora discretamente, numa bela atriz, que sabe trabalhar as incertezas da personagem.

Incertezas, diga-se, destituídas aqui de moralidade tradicional. Nada diz que seja melhor ou pior ficar com um homem mais velho e casado. Apenas que se trata, para Haewon, de saber o que escolherá para si.

Eis sua encruzilhada pessoal, marcada no mais por outros eventos pequenos, talvez desimportantes para o mundo, mas decisivos para a sua existência. É em face deles que Haewon deve se definir, não mais como filha, mas como mulher. "A Filha de Ninguém" é um pequeno conto, sim, mas encantador a cada passo.

A FILHA DE NINGUÉM
DIREÇÃO Hong Sang-soo
PRODUÇÃO Coreia do Sul, 2013
ONDE Espaço Itaú Frei Caneca e Espaço Itaú Pompeia
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO ótimo


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