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Painel de Volpi no Itamaraty é danificado

Após atos de vandalismo durante manifestações de junho, prédio iniciou reforma, que acabou estragando a obra

Instituto Alfredo Volpi cobra maior proteção ao afresco; ministério afirma que fará os reparos necessários

FLÁVIA FOREQUE DE BRASÍLIA

Os protestos que tomaram conta do país em junho passado provocaram uma vítima acidental. A ação de manifestantes em Brasília danificou o Palácio do Itamaraty, que terceirizou as obras de reparos no edifício. Ao pintar o teto do prédio, a empresa contratada danificou uma obra de Alfredo Volpi (1896-1988).

Desde então, respingos de tinta branca se destacam no azul do afresco do artista, pintado na década de 1960 especialmente para o Ministério das Relações Exteriores.

O dano se soma a algumas rachaduras nas laterais e no centro da imagem, além de desgaste nas extremidades. O painel é protegido apenas por uma espécie de rodapé feito de vidro.

O afresco, titulado "O Sonho de Dom Bosco", é uma das poucas obras públicas e de grande porte do artista. Ele está localizado no segundo pavimento do edifício, ao lado do salão em que acordos e memorandos são assinados durante visitas de autoridades estrangeiras.

"Há uma série de pontos de perda de matéria. Dom Bosco está degolado", afirma Pedro Mastrobuono, diretor jurídico do Instituto Alfredo Volpi de Arte Moderna, em referência à trinca no pescoço do protagonista do afresco.

"O que se nota é que não há nenhuma proteção, sequer uma corrente ou algo que impeça as pessoas de se aproximarem e tocarem o afresco", completa.

No mês passado, o instituto recebeu uma denúncia sobre o estado da obra e agora cobra um posicionamento do Itamaraty. Por meio da assessoria de imprensa, a pasta disse estar realizando levantamento de profissionais qualificados para fazer os reparos necessários (leia ao lado).

Para Mastrobuono, o valor do afresco é "inestimável".

Um estudo feito por Volpi para o painel está em exposição, desde outubro, no Museu de Arte Contemporânea da USP. A pintura, quase 50 vezes menor do que a obra no Itamaraty, tem valor estimado em R$ 1 milhão.

Em nota, o instituto criticou o descuido do governo, num momento em que o setor das artes reage a decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff há dois meses.

O texto permite ao poder público declarar de interesse nacional diversos bens culturais, que seriam monitorados pelo Estado. Na visão de galeristas e colecionadores particulares, o decreto dá poderes excessivos ao governo. Declarada de interesse público, uma obra não poderia ser vendida ou emprestada sem comunicação prévia ao Instituto Brasileiro de Museus.

"A proteção do patrimônio artístico pelo Estado deveria começar dentro do que já é dele e servir de exemplo. Lamenta-se que em casa de ferreiro, o espeto continue a ser de pau", diz Mastrobuono.


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