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Crítica poesia

Humor ácido domina versos breves postados no Instagram

'Stolarskais' reúne 113 haicais do designer André Stolarski, morto em agosto

RODRIGO GARCIA LOPES ESPECIAL PARA A FOLHA

"Stolarskais" reúne 113 poemas do designer paulistano André Stolarski, morto aos 43 anos em agosto.

O haicai é a forma mais breve de poesia do planeta e encara o desafio de dizer o máximo com o mínimo de palavras (e ganhar o leitor por ippon --um golpe perfeito nas artes marciais japonesas).

Stolarski procura seguir a divisão em três linhas (de 5-7-5 sílabas). É uma convenção básica do gênero, com a qual brinca em "Promoção: use/ De-zes-se-te-sí-la-bas'/ Leve mais cinco".

Revela influências de autores como Millôr Fernandes, Oswald de Andrade (em sua ênfase no poema-piada) e de Paulo Leminski.

Stolarski ironiza sua prática textual, em tempos em que tudo, até o haicai, corre o risco de virar fast-food: "Abri franquia:/ Delivery de haicai/ Noite e dia".

O falso "espontaneísmo" do haicai é uma armadilha e nem sempre funciona. Há momentos para centelhas: "Na rede, ao léu/ Repousam meus sonhos/ Sob a fronha do céu" (apesar do pronome pessoal parecer excessivo). Em outros, consegue ser lapidar: "Vai a vida/ Destino preciso/ Via indefinida".

INSTAGRAM

Originalmente, os poemas foram postados no Instagram durante o período em que o autor tratava um câncer.

Neste contexto, parece difícil para o autor conseguir se afastar de todo do "eu", manter a objetividade e o estado de mu-ga ("não eu") que é inseparável do haicai genuíno.

Apesar da presença do humor, muitas vezes ácido, a morte é presença sutil ou evidente em 25 das peças.


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