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Crítica história

Pesquisador traz rara visão francesa da guerra

Apesar de equívocos, Max Gallo analisa com franqueza temas delicados do pior ano da França no século passado

RICARDO BONALUME NETO DE SÃO PAULO

Em anos recentes, o Brasil foi inundado de bons livros sobre a Segunda Guerra (1939-1945), a maioria da historiografia anglo-saxã, de nomes como como John Lukacs, Richard Overy, Max Hastings, Paul Johnson e John Keegan.

Só por isso o livro de Max Gallo merece ser lido. É raro por aqui uma visão francesa da guerra. E "1940: Do Abismo à Esperança" é particularmente interessante por focar aquele que pode ser visto como o pior ano da história da França no século 20.

Foi quando os alemães venceram os aliados franco-britânicos em rápida campanha que assombrou o mundo. Na Primeira Guerra (1914-1918), os alemães tentaram vencê-los por quatro anos e fracassaram. Na Segunda, bastaram poucas semanas.

Gallo é autor de uma biografia em quatro volumes de Charles de Gaulle (1890-1970), estadista francês que é figura-chave em "1940". A admiração de Gallo por De Gaulle atravessa todo o livro.

De Gaulle não é só o herói do momento; ele aparece prevendo o desastre. Já em 1937, ele se dizia "preocupado com o futuro próximo: a covardia dos políticos, sejam aliados ou franceses, permite a Hitler recompor, num espírito de revanche, uma força militar cada vez mais moderna e forte".

Tinha ideias inovadoras sobre o uso de tanques em combate, mas era só coronel durante o ataque alemão, o que não permitia que influenciasse a estratégia francesa.

O livro não é uma obra acadêmica, mas uma espécie de livro "comemorativo" de efeméride, publicado em 2010. Isso explica lapsos e equívocos. Em alguns, poucos vão reparar, como errar os nomes dos aviões de caça alemães.

Outros são mais graves, como dizer que Hitler foi major na Primeira Guerra. Ele era mero cabo, o que foi determinante em visão de mundo como ditador e em sua posterior relação com o alto comando das Forças Armadas alemãs.

Gallo é franco em relação a temas delicados, como o ataque britânico à frota francesa na África do Norte para impedir que caísse em mãos alemãs. Lamenta que os aliados de ontem tomassem tal atitude, mas a entende como uma necessidade trágica.

O livro termina no final de 1940, com De Gaulle conclamando os franceses "à hora da esperança". Demorou --só em agosto de 1944 Paris seria liberada pelos aliados.


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