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Reviravoltas dão tom de dramalhão à trama

ISABELLE MOREIRA LIMA DE SÃO PAULO

O personagem Ninho, vivido pelo ator Juliano Cazarré em "Amor à Vida", novela das 21h da Globo, abriu a trama como um aventureiro simpático no Peru. Hoje, é um assassino frio.

Em sete meses de folhetim, caiu em um esquema internacional de tráfico de drogas, virou presidiário, ex-presidiário e paizão, sequestrou a própria filha e foi um artista plástico de sucesso nos EUA.

Este é o exemplo mais dramático das reviravoltas pelas quais passam os personagens da novela, que tem sido comparada pela crítica aos dramalhões mexicanos.

Em entrevista à Folha, Walcyr Carrasco, o autor, diz que não julga a trajetória dos personagens inverossímil. "Nós todos passamos por mudanças e transformações ao longo da vida", afirma.

"Eu, por exemplo, fui um pouco Ninho, mochileiro, atravessei os Andes de mochila aos 20 anos. À medida que acumulei experiências, me transformei e hoje sou exatamente o que não queria ser na época: um sujeito comportado, com uma vida regrada, que acredita em valores, alguns deles muito tradicionais", afirma.

"Amor à Vida" teve recordes de audiência, como o do capítulo em que o vilão Félix é desmascarado pela família, que atingiu 43 pontos.

A cena, de gritaria, suspense e embate físico, foi alongada por todo o capítulo e intercalada por outras de importância mínima, o que fez com que virasse piada na internet.

Questionado sobre essa estratégia para segurar o público, Carrasco diz que "causar suspense é parte da estrutura da novela".

E de romances. "Em O Corcunda de Notre Dame', Victor Hugo segura a trama para dedicar longas páginas a uma descrição pormenorizada da igreja de Notre Dame de Paris", exemplifica.

O autor diz que não tem o que dizer sobre as críticas e que seu trabalho não é de "reflexão", mas de "criação".

"Não vejo problema nenhum em ser comparado com uma novela mexicana. Alguns adjetivos expressam o preconceito de quem escreve", diz o autor.

'BICHA MÁ'

Em um momento reflexivo, diz que considera a modernidade e a ousadia como marcas da novela. "Tratei de temas nunca discutidos antes e criei, com muito orgulho, um personagem novo na teledramaturgia: Félix, a bicha má", afirma, sobre o papel vivido por Mateus Solano.

Segundo a movimentação de sua conta no Twitter, o que irrita o autor são notícias falsas sobre o que acontecerá a seus personagens. É hábito de Carrasco desmentir informações e reclamar.

"Se alguém publica uma notícia absolutamente falsa, inventada, e eu tomo conhecimento disso, desminto na internet, por respeito ao jornalismo", diz o autor, que, além de mochileiro, atuou como repórter no passado.


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