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Crítica minissérie

Longe do óbvio, 'Amores Roubados' surpreende

Minissérie, que termina hoje, conquistou a audiência acima da média com narrativa engenhosa e bons diálogos

MAURICIO STYCER COLUNISTA DA FOLHA

Nesta noite em que vai ao ar o décimo e último capítulo de "Amores Roubados", desconfio que alguém na Globo deve estar se perguntando: o que esta minissérie tem que outras semelhantes não tiveram?

O trabalho da dupla José Luiz Villamarim, diretor-geral, e George Moura, autor, repetiu um padrão de qualidade já visto em outros projetos especiais da emissora, mas alcançou algo mais.

Na métrica mais fácil de compreender, a do Ibope, "Amores Roubados" termina com índices surpreendentes, mesmo sofrendo, no meio do caminho, brusca alteração no horário de exibição. A série ficou bem acima da média tanto ao ser exibida depois de "Amor à Vida" quanto, posteriormente, quando passou a ir ao ar só após o "BBB".

Houve quem tentasse colocar os altos números na conta das cenas quentes vividas pelo protagonista Leandro (Cauã Reymond) nos primeiros capítulos.

Filho de uma prostituta (Cassia Kis Magro), o rapaz com alma de Dom Juan conquistou, em sequência, três mulheres poderosas --duas mulheres de coronéis, Celeste (Dira Paes) e Isabel (Patrícia Pillar), além da filha desta, Antônia (Isis Valverde).

Mas a audiência continuou alta, e até aumentou, mesmo quando ela perdeu o ímpeto inicial e a narrativa evoluiu para um thriller, mostrando como Leandro passa a ser caçado pelo coronel da cidade, Jaime (Murilo Benício), que se transforma após descobrir que a mulher foi uma das que caíram na lábia do herói.

Por fim, de forma engenhosa, os diferentes dramas que resultaram da ação de Leandro são narrados paralelamente e vão se entremeando. O protagonista, ausente em quase toda a segunda metade da série, é a sombra que dá liga a tudo.

Além da história atraente, outras qualidades saltam aos olhos: bons diálogos, ótimo elenco, direção de atores, fotografia "cinematográfica" (de Walter Carvalho), um cenário bonito e pouco explorado pela TV (o vale do rio São Francisco), além de impressionantes cenas de ação.

Houve, é claro, espaço para clichês e momentos piegas. Leandro e Antônia evocaram "Titanic" no rio São Francisco. Isabel, em transe, fez sexo com um ciclista desconhecido logo depois de atropelá-lo. Também houve problemas técnicos, com o som, apesar dos os cuidados da produção.

Não deveria, mas ainda surpreende estar diante da televisão nestes momentos em que ela faz a opção pelo menos óbvio --quando o texto dito por atores mais sugere do que afirma, a câmera evita closes e prefere mostrar o movimento dos personagens no espaço e, igualmente importante, não há aquela obsessão em preencher os vazios com ação desnecessária ou uma música qualquer.

Nestes momentos em que o produto resulta em algo distante da pasteurização geral, com uma cara original, a TV mostra a sua força. E o público responde positivamente.


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