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Regente atingiu excelência sem precisar ser autoritário

SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA

A notícia da morte do regente italiano Claudio Abbado, ontem, em Bolonha, rapidamente virou destaque nos sites dos grandes jornais.

Ele lutava havia anos contra um câncer no estômago.

Igualmente respeitado como maestro de ópera e de concertos sinfônicos, Abbado renovou a relação entre regente e músicos: provou que não é preciso ser autoritário, usar gestos exagerados ou ser de trato difícil para atingir um nível de excelência.

De fato, sua postura de líder sereno e aberto ao diálogo foi marca da gestão como titular da Orquestra Filarmônica de Berlim, onde teve a missão de suceder o excêntrico e autoritário Herbert von Karajan (1908-89).

Antes de chegar a Berlim, Abbado foi titular do Teatro Scala de Milão (1968-1986) e da Ópera de Viena (1986-91), além de convidado de honra das sinfônicas de Londres e Chicago (1982-86).

Em Berlim, onde permaneceu entre 1979 e 2002, estreou com uma impecável "Sinfonia n.1" de Mahler (1860-1911), uma de suas especialidades ao lado de outros compositores do século 20.

Para ele, a paixão não está em uma agitação febril, mas é construída na sutileza das frases, sem forçar o tempo nem perder a estrutura --como na clareza que imprime à "Passacaglia, op. 1", de Anton Webern (1883-1945), uma obra que ele entendeu como poucos.

Outra característica foi o rigor com as edições, o que liberou diversas obras de erros e clichês de interpretação.

Em 2000, a Filarmônica de Berlim apresentou-se no Municipal de São Paulo.

Foi possível assistir a um ensaio: Abbado quase não olhava a partitura, mas algo na acústica do teatro o incomodava. Por duas vezes foi até o timpanista, conversar; no final, quando quase todos haviam saído, ele mesmo foi ajudar a mover o instrumento um metro para a esquerda. Saiu rindo, abraçado com o músico.


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