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Crítica Ficção Científica

Padilha estreia nos EUA como não se via desde Babenco

INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA

Melhor não comparar o "RoboCop" de Paul Verhoeven com a nova versão, de José Padilha: são duas épocas, dois mundos distantes. No mais, a comparação só embaraçaria os responsáveis pelo novo filme, pois o "RoboCop" de 1987 é, já, um clássico.

Dito isso, nenhum diretor brasileiro estreou no cinema internacional com tanta desenvoltura quanto Padilha, desde Hector Babenco.

Não lhe faltaram recursos ou elenco de prestígio, nem parece ter sido tolhido pelo produtor. Lá estão os seus temas preferidos: a violência, a insuficiência da polícia, o peso das grandes corporações. Mais do que tudo, a luta pelas consciências, que se dá através da mídia. Estamos próximos de "Tropa de Elite".

Não por acaso, "RoboCop" começa e termina com um programa de TV. Ali, Novak, uma espécie de Datena, usa sua força de comunicação para influenciar políticos (e o público) a aceitar o uso de robôs como policiais. Fica claro, no mais, que Novak está a serviço de Sellars, o magnata da robótica militar.

A mídia, com seu poder, os políticos, com seu temor, mais os criminosos em geral e alguma sorte em particular acabam por criar aquilo que o magnata tanto queria: um policial quase inteiramente morto, recuperado pelas pesquisas do dr. Norton.

Recuperado mesmo? O que é um homem mecânico, com o cérebro e as ações controladas do exterior?

Essas considerações, porém, passam a segundo plano: à frente vêm a ganância de Sellars, o oportunismo do prefeito, certo sadismo do dr. Norton e, claro, a desonestidade da polícia. O que poderá deter tudo isso? Só uma coisa: o sentimento. Aquilo que RoboCop possui em essência e que, nunca se sabe, pode ainda se manifestar.

Tudo isso perde um pouco do peso seja devido ao estilo sem sutilezas de Padilha, seja pelo acúmulo de questões colocadas e seus correspondentes vilões. Dessa sucessão de artimanhas resulta que um vilão acaba por fragilizar o outro: temos muita ação, mas não um bom vilão, que resuma a maldade dos demais.

Talvez o melhor deles seja aquele que chama RoboCop de Homem de Lata. Por um lado, ele tem razão em sua crueldade. Por outro, ao evocar o personagem de "O Mágico de Oz" faz um aceno ao mundo de sentimentos, para o filme, o único capaz de se opor ao mal num mundo de razão eclipsada.

ROBOCOP
DIREÇÃO José Padilha
PRODUÇÃO EUA, 2014
ONDE Anália Franco UCI e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO regular


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