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Crítica - Policial

'Terra sem Lei' é marcado por uso divertido da cultura pop

Investigador de John Sandford mistura rock a série 'Jornada nas Estrelas'

O PROTAGONISTA, TRINTÃO, COM TRÊS CASAMENTOS NAS COSTAS, ALTO E LOIRO, FAZ MAIS O TIPO SURFISTA QUE O DE POLICIAL SOTURNO

RODOLFO LUCENA DE SÃO PAULO

Um tiro na testa mata uma rica publicitária que estava hospedada em pousada exclusiva para mulheres, num recanto paradisíaco do interior do Estado de Minnesota.

Ela passara a noite anterior nos braços apaixonados de uma jovem cantora, líder de uma banda feminina de música country. Antes ainda, usara os serviços de um michê, garoto disponível para atender as solitárias hóspedes da pousada.

A cena lésbica e o trança-trança de parceiros sexuais são o cenário de fundo de "Terra sem Lei", mais recente novela policial de John Sandford publicada no Brasil.

O autor talvez não seja tão conhecido como outros campeões de vendas, mas tem um prolífico e bem fornido currículo --sua obra tem quase 40 títulos e mais de 30 milhões de livros vendidos.

Sandford é o pseudônimo de John Roswell Camp, que fez 70 anos no mês passado e militou no jornalismo antes de se dedicar profissionalmente à literatura de massas.

Em 1980, foi finalista do prêmio Pulitzer e, em 1986, conquistou este que é o maior galardão nos Estados Unidos.

O trabalho premiado foi uma série sobre a vida de uma família americana do meio-oeste durante a crise econômica que atingia os EUA naquela época.

Como escritor, seguiu a trilha de produzir coleções de livros sobre um mesmo personagem. Virgil Flowers, o policial que estrela "Terra sem Lei", surgiu inicialmente como coadjuvante em títulos da série "Prey", em que o protagonista é o seu chefe, Lucas Davenport.

Flowers, de fato, merece uma franquia própria. Trintão, com três casamentos nas costas, alto e de longos cabelos loiros, faz mais o tipo surfista do que o de policial soturno. A persona é completada pelo pouco tradicional uniforme que usa: sempre camisetas de grupos de rock. Não hesita em usar da violência, mas, à noite, eleva seus pensamentos a Deus.

A cultura pop, por sinal, marca a bem-humorada narrativa. "Wendy era uma loura carnuda, bem aos moldes de Janis Joplin", escreve, citando a maior roqueira de todos os tempos para descrever a cantora que é objeto de desejo de várias das mulheres em ação no livro.

Em outro momento, cita o toque neural dos vulcanos de "Jornada nas Estrelas" para descrever o efeito maléfico de uma música country na cabeça do investigador.

De onde se depreende que, para apreciar melhor essa novela policial, é bom ter um certo conhecimento da cultura popular, do mundo do rock à ficção científica, com algumas noções básicas de clássicos do cinema.

Mesmo sem isso, porém, o leitor vai se divertir com as tentativas de Flowers de conseguir um encontro amoroso no ambiente pouco favorável às relações heterossexuais. Além, é claro, de acompanhar o desenrolar das buscas pelo assassino da publicitária, também responsável por outros crimes na região.


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