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Em todas as telas

'Latitudes', o primeiro longa brasileiro para internet, TV e cinema, é bom de merchandising, mas não atraiu os exibidores

GUILHERME GENESTRETI DE SÃO PAULO

"Latitudes", filme do diretor Felipe Braga, 34, trata de dois jovens desenraizados que se apaixonam e passam a se esbarrar pelo mundo.

Sem raízes é também o próprio projeto. "Latitudes" é a primeira produção brasileira concebida para cinema, telsvisão e internet.

O caminho também foi inusitado. Enquanto longas como "Serra Pelada" e "O Tempo e o Vento" viraram minisséries na Globo meses após estrearem no cinema, as salas de exibição são o último destino de "Latitudes".

O longa estreou na sexta-feira em São Paulo, começa a ser exibido no Rio no próximo dia 14 e chega a outras cidades até o fim de março.

"Nós queríamos estrear on-line, justamente porque sempre ocorre o oposto: a internet é normalmente encarada como plataforma para se jogar o que tem menos valor, os extras", diz Felipe Braga, estreante na direção de ficção.

Na trama, Alice Braga interpreta uma editora de moda que vaga pelo mundo à procura de tendências. Em Paris, ela conhece o fotógrafo José (Daniel de Oliveira).

Os dois passam a noite juntos e iniciam uma série de encontros em destinos que incluem Turquia, Itália e Uruguai, em meio a desfiles de moda e hotéis luxuosos.

Os primeiros vídeos curtos (oito no total, cada um filmado em uma das cidades) foram ao ar em agosto no YouTube. Juntos, atingiram mais de 2 milhões de visualizações e uma intensa lista de seguidores, que comentam o desenrolar da relação do casal.

"Foi o que me fez entrar no filme", diz Alice Braga, também produtora do longa. "Eu queria ver como as pessoas reagiriam à proposta."

Em setembro, os episódios da internet migraram para o canal TNT, acrescidos de "making of". "As emissoras a cabo têm essa tradição de abordar os bastidores. Deixamos para elas esse lado da produção", diz Felipe Braga.

Para o cinema vai o compilado dos episódios da internet, reeditados na montagem e com nova trilha sonora.

REARRANJO

Mas até que ponto o público sairia de casa para ver no cinema o que já está on-line?

"É outro rearranjo do produto. Pode atrair quem já conhece o projeto e quer ter outro tipo de imersão", diz Almir Almas, professor de cinema na USP e pesquisador de plataformas audiovisuais. "Por ter surgido antes na internet, é um filme que chega com um público já formado."

Almas chama "Latitudes" de projeto transmídia: as várias plataformas (TV, internet, cinema) se complementam e oferecem conteúdos diferentes sobre o mesmo universo, tendência consagrada em séries como "Lost".

Nos vários formatos estão as onipresentes marcas, que bancaram os custos do filme.

Em uma cena, a personagem de Alice Braga deixa entrever a marca do carro que está conduzindo. Em outra, José traz nas mãos a garrafa caraterística de uma cerveja. "Um projeto assim potencializa qualquer marca", diz Almas. "Elas acabam expostas em todas as plataformas."

O apelo do projeto para o merchandising não foi o mesmo para os exibidores. "É difícil vender a eles um filme que já está de graça na internet", diz Felipe Braga. Em São Paulo, "Latitudes" estreou em apenas uma sala.


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