Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica - Drama

Tudo não passa de relacionamento frio de gente desinteressante

FICA CLARA UMA DISPOSIÇÃO SALUTAR PARA BRINCAR COM A ALTERNÂNCIA DE REGISTROS, MAS IMPÕE-SE UM ESQUEMATISMO LIMITADO

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Sucesso na TV e no YouTube, "Latitudes", de Felipe Braga, chegou ao circuito comercial de cinema no último dia 28. Foi rodado em oito cidades do mundo, destaca a publicidade e tem dois atores de ponta: Daniel de Oliveira e Alice Braga.

Tudo isso não significa nada do ponto de vista histórico ou crítico. O que interessa, no caso, é como seu conteúdo é mostrado ao espectador.

Na trama, Olívia e José se amam, entre encontros e desencontros, em diversas cidades: Paris, Londres, Veneza, José Ignacio (Uruguai), São Paulo (onde José mora com sua esposa), Porto, Buenos Aires (onde Olívia vive com o namorado) e Istambul. Isso mostra certa pujança da produção, que é um trabalho internacional etc.

A primeira impressão é a de uma câmera indigente que capta diálogos razoavelmente bem escritos ditos por atores empenhados. Em Paris, eles acabam de passar a primeira noite juntos. É uma cidade propícia a romances, mas eles ainda não sabem o grau de envolvimento que será estabelecido na relação.

Ele é fotógrafo, ela, editora de moda. Ambos se atraem, mas estão sujeitos ao jogo que costuma se desenvolver entre sexos opostos, no qual os flertes podem se disfarçar de provocações mútuas.

Em Londres, no segundo encontro, já temos uma câmera que enquadra com certo rigor o bar onde eles conversam, em alternância com algumas imagens de cartão postal da cidade. Em Veneza, estamos sempre flutuando, à deriva tanto no quadro como em sentimentos e expectativas. E segue o barco.

Percebemos então que o filme adere a uma forma específica de representar cada encontro (ainda que a variante, no fundo, seja pequena), e a relação amorosa se modifica de acordo com o ambiente em que estão.

Apesar de, com essa opção, ficar clara uma disposição salutar para brincar com a alternância de registros, impõe-se ao relato um esquematismo um tanto limitado.

Afinal, o que temos é um relacionamento frio entre personagens desinteressantes, algo a ver com o que parece ser a fonte de inspiração do projeto, pelo menos no tom: menos a nouvelle vague francesa do que "Um Homem, uma Mulher", de Claude Lelouch.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página