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Bryan Cranston vive presidente na Broadway

Ator, que fez Walter White em 'Breaking Bad', cresce no palco como Lyndon Johnson

RAUL JUSTE LORES EM NOVA YORK

Um presidente expert em bullying, que não economiza palavrões e ameaças a subordinados e opositores, parece um papel sob medida para Bryan Cranston, o premiado ator da série "Breaking Bad".

Mas a estreia de Cranston, 58, na Broadway com a peça "All the Way", vai além e já é um dos acontecimentos teatrais do ano nos EUA.

Semanas depois de ter vencido o Globo de Ouro, o Emmy e o prêmio do Sindicato dos Atores pela interpretação do violento Walter White na televisão, Cranston eletriza a plateia por três horas a fio como Lyndon Johnson. A peça cobre os 11 meses em que Johnson precisa terminar o mandato de John F. Kennedy, após seu assassinato.

Nesse período curto, o desbocado texano, extremo oposto de Kennedy, consegue aprovar a lei dos Direitos Civis, que acaba com a segregação racial nos EUA, declara guerra à pobreza, garante a nomeação como candidato democrata à Presidência e se elege com 61% dos votos, a maior porcentagem já registrada em eleições presidenciais americanas.

Cranston, com seu 1,79 m, vira um gigante no palco (a voz ajuda) e convence facilmente como Johnson, que tinha 1,93 m.

Ele contracena com 19 atores, que interpretam 60 personagens e na maior parte do tempo ficam sentados num plenário, de onde conversam por telefone com o presidente. Os personagens vão de ativistas negros ao governador segregacionista do Alabama George Wallace; de Martin Luther King à então dona do "Washington Post", Katherine Graham.

O Salão Oval da Casa Branca fica no centro, e um telão ao fundo do palco faz a transição dos cenários, dos corredores do Congresso aos distúrbios raciais no Estado do Mississippi e à convenção do Partido Democrata.

Como aconteceu antes no filme "Lincoln", de Steven Spielberg, a peça escrita em 2012 por Robert Schenkkan não alivia a sordidez dos bastidores da aprovação de leis muito nobres --o contraste com a paralisia atual em que se encontram Obama e o Congresso dominado por republicanos não é por acaso.

E mostra os limites presidenciais. Johnson tenta demitir J. Edgar Hoover, o longevo primeiro diretor do FBI.

O chefe dos espiões demonstra sua utilidade: "Há muita gente por aí especulando sobre sua vida sexual, sobre seus negócios com empresas petrolíferas, mas eu estou aqui para protegê-lo".

Johnson manteve Hoover até o final de seu mandato. O público, que lota os 1.400 lugares do Neil Simon Theater, em Nova York, aplaude vigorosamente.

Para os órfãos de Breaking Bad, um retorno de impacto.


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