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Dia Internacional da Mulher

'Orquestra não pode ser museu', diz poderosa da música clássica

Executiva fez da Filarmônica de Los Angeles a mais influente dos EUA

CAROL NOGUEIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

Dentro do imponente Walt Disney Concert Hall, em Los Angeles, trabalha "a mulher mais poderosa da música clássica americana atual".

O título foi dado à CEO da Filarmônica de Los Angeles, Deborah Borda, pelo crítico britânico Norman Lebrecht.

Deborah, 60, mais de 40 anos dedicados à música clássica, assumiu o posto em 2003 e acumula uma lista de feitos impressionante, que inclui ter transformado a então inexpressiva orquestra na mais importante dos EUA.

A receita da orquestra hoje é de US$ 115 milhões por ano, e o público por temporada é o maior do país: 300 mil pessoas em 2013.

Muito do sucesso se deve à contratação do venezuelano Gustavo Dudamel como diretor musical em 2009.

"Ele adora música contemporânea e se conecta ao século 21", diz Deborah à Folha.

Ela afirma ter sido criticada pela escolha. "Mas ele causou impacto ao tornar a orquestra acessível a todos, em um momento em que a música clássica anda marginalizada."

Deborah também modernizou a orquestra com o streaming de concertos e a venda de músicas no iTunes.

Apesar disso, ela ri do título de mulher mais poderosa da música. "Acho que essa é a Miley Cyrus, não?"

PROGRAMAS SOCIAIS

A executiva, que aprendeu violino na escola e se formou na Royal College of Music de Londres, sabe da importância do estudo de música.

Por isso, conta, faz questão de promover programas educacionais na Filarmônica, aproximando jovens de baixa renda da música clássica.

O programa mais importante é o Youth Orchestra LA, versão americana para o modelo venezuelano de educação musical pública, El Sistema. Há uma série de sinfonias para jovens e um programa de novos compositores, entre outros. "A música é parte dos direitos humanos", diz.

Ela afirma que o foco dos programas não é transformar os jovens em músicos profissionais, mas incluí-los na sociedade. "Cidadania é a nossa principal mensagem."

Deborah se diz preocupada com o rumo da música clássica nos EUA, onde várias orquestras passam por problemas financeiros.

No ano passado, a Sinfônica de Nashville quase foi à falência, e as de San Francisco e Minnesota fizeram greve.

"As pessoas têm de entender que lidamos com arte, mas também com um negócio. Vivemos no século 21 e ainda ouvem Beethoven. Se não mostrarmos músicas novas, o que será de nós no futuro? Orquestras não podem ser museus."

Deborah também chama atenção para o que classifica de "sociedade sob demanda".

"As pessoas não assistem mais TV, elas procuram o que ver na Netflix. Antes, havia menos opções. Os assinantes se comprometiam a vir aqui toda semana. Agora, nos esforçamos para vender cada ingresso, o que é mais trabalhoso e mais caro", diz.

Entre as apostas da Filarmônica de Los Angeles para vender ingressos neste ano, ela destaca uma turnê mundial com a pianista Yuja Wang, 26 ("um dos maiores talentos que já vi") e a violinista Leila Josefowicz, 36 ("daqui a cem anos ela estará entre os grandes").

A poderosa também se ocupa planejando o centenário da orquestra, em 2019. "Minha missão é prepará-la para chegar aos 200 anos."


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