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Pernambuco aplica 'toque de recolher' a ensaios de maracatu

Situação atinge algumas cidades da Zona da Mata do Estado

FERNANDO TADEU MORAES DE SÃO PAULO

Sérgio Roberto Veloso de Oliveira, o Siba, se divide entre a alegria e a revolta ao falar do maracatu de baque solto. A alegria é o seu novo projeto poético-musical, que une a guitarra elétrica a essa tradição popular de Pernambuco. A revolta, a espécie de "toque de recolher" que o maracatu de baque solto vem sofrendo no interior do Estado.

No último dia 12 de fevereiro foi apresentado ao Ministério Público de Pernambuco a denúncia da restrição de horário que alguns ensaios de maracatu vêm sofrendo na região da Zona da Mata (PE).

Pela tradição, ensaios e sambadas, a disputa entre dois maracatus, só podem acabar após o raiar do dia. Por trás disso está o desafio de atingir o limite, de fazer uma festa que nunca termina.

Nos últimos dois anos, diz o documento, vem havendo várias interrupções desses eventos às 2h.

"Isso contradiz o histórico de relação pacífica entre os maracatuzeiros e a polícia e atinge o cerne de uma tradição secular que representa a identidade cultural de milhares de pessoas", diz Siba.

O secretário de Cultura de Pernambuco, Marcelo Canuto, diz que o maracatu tem o apoio do governo e que a secretaria buscará mediar os conflitos onde isso ocorrer.

A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco informa que não interfere nos horários dos eventos e que ocorreu apenas um episódio isolado na cidade de Nazaré da Mata este ano.

RESISTÊNCIA

Enquanto a situação não se resolve, Siba e os mestres de maracatu João Paulo e João Limoeiro continuam sua resistência por meio da arte.

O trio comanda o Azougue Vapor, que faz shows hoje e amanhã no Sesc Bom Retiro, em São Paulo. "É a minha desculpa para voltar a cantar ciranda e maracatu", diz Siba.

O grupo tem formato inusitado: vozes, duas guitarras, tuba, bateria e percussão.

A poesia popular guia o novo projeto. "No fundo, a música é apenas um transporte para a poesia", diz.

Ao final da entrevista, Siba lembra que, apesar da polêmica envolvendo a restrição de horários, é o maracatu de baque solto que fornece um dos ícones mais explorados para vender a ideia da riqueza cultural do Estado: o caboclo de lança.


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