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Público vê peça sob perspectivas diferentes

Em '2 Ficções', da Cia. Hiato, plateia é dividida e acompanha processo criativo do grupo

MARIA LUÍSA BARSANELLI DE SÃO PAULO

São duas as visões possíveis para o espectador de "2 Ficções", quinto espetáculo da Cia. Hiato, que estreia hoje no Sesc Pompeia.

Quem integra a plateia A chega mais cedo e participa de um "audiotour" por um museu biográfico do grupo.

No espaço cênico --uma réplica da casa em que o diretor Leonardo Moreira passou sua infância-- estão representados o processo de pesquisa da companhia e as memórias de seus integrantes.

Esses primeiros espectadores recebem o texto da peça, rasurado, e são direcionados a assentos na parte de trás do palco. Ou seja, veem as cenas do avesso, como se estivessem na coxia.

A segunda plateia chega meia hora depois, senta-se de frente para as cenas e assiste à montagem com outra perspectiva, sem a bagagem referencial à qual os primeiros espectadores tiveram acesso.

"2 Ficções" é uma continuação de "Ficção" (2012), conjunto de seis monólogos em que os atores narravam fatos de suas biografias misturados a elementos fictícios.

"Durante a temporada de Ficção', nos perguntamos o quanto era válido colocar uma biografia em cena, o quanto de narcisista e pretensioso há nisso", diz Moreira, "ou como algo estritamente privado pode servir para uma discussão pública."

Mas a temática não é nova para a Hiato. Desde o seu primeiro espetáculo, "Cachorro Morto" (2007), o grupo usa recursos biográficos, como dar aos personagens os prenomes dos atores que os interpretam. A dramaturgia do premiado "O Jardim" (2011), embora mostre uma trama fictícia, foi construída a partir da vida dos atores.

Em "2 Ficções", as histórias pessoais da trupe também servem de base para a montagem, mas a origem realista não é mais tão clara. "O primeiro trabalho era uma realidade mascarada de ficção. Agora, temos uma ficção mascarada de realidade", explica o encenador.

O que se vê em cena é uma discussão do processo criativo da companhia.

As cenas espelham trechos de "A Gaivota", de Anton Tchékhov, e de "Desejo e Reparação", de Ian McEwan. A estrutura da história se assemelha a uma boneca russa: apresenta uma peça dentro de outra peça, que, por sua vez, está em outra peça.

Os elementos do teatro são colocados em foco. Os contrarregras estão em cena, as coxias estão à vista do público, os atores comentam com os espectadores os bastidores da cena, e há sempre uma sensação de obra inacabada.


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