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Excesso de marcas pode descaracterizar espírito indie de festival
Shows promovidos por empresas fazem concorrência à programação oficial de evento famoso por lançar artistas independentes
A 28ª edição do festival de música, cinema e tecnologia SXSW (South by Southwest), que terminou no domingo em Austin, Texas, foi marcada por logotipos. Era quase impossível andar sem ver uma ação promocional de uma empresa a cada esquina.
Nesta edição, houve shows dos rappers Kanye West e Jay Z, da cantora Lady Gaga e das bandas Coldplay e Soundgarden, entre outros. Todos eles patrocinados por marcas.
Além de promover a maioria das apresentações grandes ou mais concorridas, muitas empresas também mimaram os frequentadores com comida, bebida (inclusive alcoólica) e serviços, como caronas e cortes de cabelo, tudo grátis.
A edição, porém, ficará marcada pelo atropelamento de mais de 20 pessoas, na última quarta-feira, por um motorista bêbado que fugia da polícia e acabou deixando três mortos. Mas também fez crescer um forte temor de perda de identidade do SXSW.
O medo, alerta o jornal "New York Times", é de que o excesso de marcas e shows patrocinados possa acabar prejudicando os eventos oficiais e descaracterizando o festival --que se estabeleceu como a principal plataforma de lançamento de artistas independentes nos Estados Unidos.
Isso porque, para ter acesso à programação oficial do SXSW, era necessário adquirir uma credencial ou uma pulseira que chegam a custar até US$ 1.200 (cerca de R$ 2.800). As apresentações não oficiais, no entanto, são grátis --para maioria, basta fazer um cadastro on-line.
Mas o que os artistas fariam sem as empresas? Será que seria possível fazer um festival tão legal sem tantos patrocínios? Foi essa a questão colocada por Lady Gaga em sua palestra.
A cantora foi muito criticada por fazer um show patrocinado por uma marca de salgadinhos. "As gravadoras não têm mais dinheiro sobrando, então, para fazer esse tipo de coisa, temos de nos juntar às marcas", afirmou Gaga. "Mas isso não é ruim, pelo menos eles não colocam uma corrente no meu pé e me dizem o que fazer", disse a cantora pop.