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Crítica - Drama

Em tom despretensioso, longa narra um reencontro angustiante de amigos

ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O quarto longa de Paulo Morelli destoa de sua produção anterior e tem algumas das virtudes que caracterizam o cinema argentino contemporâneo: história sobre questões humanas, concretas; narrativa fluida e despojada; personagens bem construídos, com os quais é possível se identificar.

"Entre Nós" fala de sete amigos que têm a literatura como paixão comum.

Em 1992, eles se reúnem em uma casa nas montanhas da serra da Mantiqueira onde, em uma atmosfera hedonista, divagam sobre sonhos e projetos.

Para marcar o encontro, escrevem e enterram cartas sobre suas expectativas de futuro, que devem ser desenterradas dez anos depois. Mas a reunião termina com uma tragédia que terá grandes consequências.

Eles voltam à casa em 2002, mas o clima agora é outro. Aos poucos, vamos percebendo que os velhos amigos se distanciaram. O idealismo da juventude deu lugar a desejos frustrados, ressentimentos e conflitos.

Um dos membros da turma, o mais bem-sucedido, carrega um terrível segredo. A tensão e o constrangimento são cada vez mais palpáveis nos olhares, nas conversas e nos silêncios, atingindo o auge na leitura das cartas.

Esse suspense psicológico é ampliado pela oposição entre a vastidão da paisagem montanhosa ao confinamento dos amigos --retratados em planos aproximados que enfatizam sua angústia.

Na segunda parte, os personagens se desenvolvem, adquirem espessura e credibilidade. Isto se deve ao naturalismo dos diálogos e à coesão do elenco, formado por Caio Blat, Carolina Dieckmann, Maria Ribeiro, Paulo Vilhena, Martha Nowill, Julio Andrade e Lee Taylor.

Despretensioso, mas ao mesmo tempo rigoroso em suas escolhas, "Entre Nós" surpreende --o que não é pouco no atual panorama do cinema brasileiro.


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