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Em recital político, pianista americana lembra golpe de 64

Ursula Oppens apresenta hoje, na Sala São Paulo, obras de dois compositores envolvidos com militância

Programa inclui três peças do brasileiro Claudio Santoro e variações para piano do americano Rzewski

JOÃO BATISTA NATALI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Fundação Osesp (Orquestra Sinfônica de São Paulo) se associou ao Instituto Vladimir Herzog para um recital, hoje à noite, na Sala São Paulo, que lembra os 50 anos do golpe militar de 1964.

A pianista norte-americana Ursula Oppens, 70, interpretará peças de dois compositores politicamente engajados: o brasileiro Claudio Santoro (1919-1989) e o norte-americano Frederic Rzewski, 75.

Nascida em Nova York, Ursula Oppens é uma das mais respeitadas pianistas de sua geração, embora sua carreira não tenha a visibilidade dos solistas que aderem ao repertório tradicional, ao lado de orquestras sinfônicas.

Ela sobressai muito mais por suas atividades acadêmicas, na Universidade Northwestern ou no Conservatório do Brooklyn College, e por gravações e recitais com autores contemporâneos, como Tobias Picker, Elliott Carter, Joan Tower ou Allen Shawn.

Oppens foi escolhida para a estreia mundial de peças para piano de 26 compositores americanos. Também gravou, embora com uma frequência menor, compositores mais conhecidos, de Beethoven a Stravinsky, de Mozart a Schoenberg.

Claudio Santoro, nascido no Amazonas, é um compositor fundamental na música brasileira do século 20.

Frequentou nos anos 1940 a música atonal, trazida por Joachim Koellreutter e que estruturou, por aqui, uma corrente que buscava inserção nas vanguardas europeias.

Esse movimento, o Música Viva tinha na época os compositores Guerra-Peixe, Edino Krieger e Eunice Katunda entre seus integrantes.

A partir dos anos 1950, Santoro volta a escrever segundo a gramática tonal, associada ao nacionalismo, dentro do qual ainda trabalhavam Villa-Lobos, Guarnieri ou Osvaldo Lacerda.

Em sua guinada, Claudio Santoro aderia aos padrões estéticos recomendados pelo Partido Comunista Brasileiro, do qual foi próximo, e o que lhe custou, em 1948, o veto para um visto de entrada nos Estados Unidos.

Esses dois períodos estarão presentes no recital de Ursula Oppens. Do primeiro, quatro "Peças para Piano", escritas em 1943, e a "Pequena Tocata", de 1942. Ao segundo pertencem os 12 movimentos dos "Prelúdios", que datam de 1957 a 1963.

A segunda parte do recital terá as 36 variações para piano que Rzewski escreveu, em 1975, para a canção chilena de protesto "O Povo Unido Jamais Será Vencido", de Sergio Ortega e do grupo Quilapayún.

A peça foi dedicada a Ursula Oppens, que a estreou em Washington em 1976. Gravado pela pianista três anos depois, o disco recebeu da revista "Record World" o prêmio de gravação do ano e uma indicação ao Grammy.

Rzewski não teve obviamente como referência a ditadura brasileira. Mas levou à música contemporânea americana o golpe militar de 1973 no Chile, que instituiu a sangrenta ditadura do general Augusto Pinochet.

50 ANOS DO GOLPE MILITAR - O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO!
QUANDO hoje, às 21h
ONDE Sala São Paulo, praça Júlio Prestes, 16, tel. (11) 3223-3966
QUANTO de R$ 20 a R$ 40; à venda em ingressorapido.com.br
CLASSIFICAÇÃO 7 anos


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