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Passarela paralela

No Brasil, Francisco Costa lança moda barata com tecidos bons

Brasileiro que cuida da grife americana Calvin Klein está no país para divulgar linha que fez para a C&A

Roupas com assinatura do estilista são feitas em algodão nobre, couro e seda; a peça mais cara custa R$ 299

PEDRO DINIZ COLUNISTA DA FOLHA

O fast fashion, esse modelo de negócio que domina a moda desde os anos 1990 e cuja lógica é baseada menos em qualidade e mais em rotatividade (nas araras) e em preços finais acessíveis, pode sofrer uma mudança radical, ao menos no Brasil.

O brasileiro Francisco Costa, 49, estilista da grife americana Calvin Klein, está aqui para divulgar a linha com 70 peças que fez para a rede popular de lojas C&A.

Nas roupas que levam o nome dele e que começam a ser vendidas a partir de amanhã na loja de departamento, ele aboliu, pela primeira vez na história da moda barata nacional, os tecidos de qualidade baixa para aplicar couro verdadeiro, algodão nobre e um tipo de seda mais barato, mas, ainda sim, melhor do que os tecidos que costumam ser usados.

"É uma roupa para toda brasileira usar. É tudo muito simples, mas há um cuidado com tecidos e materiais que é inédito", diz o designer. A peça mais cara custa R$ 299.

"Entrei numa fase de produzir itens não copiáveis, por isso estou tão interessado na pesquisa de materiais. Na minha passarela, nada pode ser reproduzido fielmente", afirma Costa, citando as duas últimas coleções da Calvin Klein apresentadas em fevereiro último, na semana de moda de Nova York.

Aos poucos, ele inclui na Calvin Klein roupas que misturam tecidos tecnológicos e texturizados à mão.

Hoje, essa combinação é considerada a grande inovação da moda mundial. "A moda está mudando. Estamos num período de transição."

Ex-assistente do estilista que dá nome à grife, Costa conseguiu manter a etiqueta "CK" no corpo de atrizes como Naomi Watts e Sharon Stone, que desfilam suas criações em tapetes vermelhos.

Além disso, a partir de 2002, reposicionou a empresa para o gosto da consumidora americana de várias faixas etárias e bolsos, sem perder o viés exclusivo. Isso aconteceu quando Calvin Klein, o criador da grife, decidiu vender tudo e morar no Rio, passando a direção criativa para o brasileiro.

"O fato de ser brasileiro foi um plus' naquela época. As pessoas ficavam curiosas em ver algo exótico, mas preferi manter, do meu jeito, os signos que Klein criou", diz ele.

Essas características incluem imagem limpa e sem firulas, apreço por linhas retas e cores neutras. Não faltaram críticas à sua escolhas.

"Falavam que eu fazia minimalismo demais, que não mudava o estilo. Mas manter uma identidade é crucial no nosso negócio. É algo que define a imagem da marca para o consumidor", diz Costa. "Hoje, esse minimalismo dos anos 1990 está em todos os lugares", afirma ele.

Ele afirma que o mercado norte-americano está está em seu "melhor momento": "Não há crise. As pessoas estão consumindo e as grifes estão fechando negócios milionários. Os EUA são novamente o lugar das oportunidades para qualquer marca".


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