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Tela quente

Assuntos em destaque no noticiário também estão em documentários do festival É Tudo Verdade, que começa amanhã

GUILHERME GENESTRETI DE SÃO PAULO

Da guerra civil na Síria aos protestos de junho no Brasil, esbarrando na crise ucraniana e no legado de Nelson Mandela, a 19ª edição do festival de documentários É Tudo Verdade começa amanhã com certo senso de urgência.

Ao menos cinco dos filmes da mostra tratam de assuntos quentes --seja porque nasceram no olho do furacão desses eventos ou porque ganharam temperatura' por acaso.

Com 77 filmes de 26 países, o festival vai até dia 13, em São Paulo e no Rio. Em seguida, parte para Campinas, Brasília e Belo Horizonte.

Para Amir Labaki, organizador da mostra, a profusão de obras sobre temas atuais marca esta edição. "Graças à revolução digital, a história está batendo nas telas antes do que costumava", afirma.

Rodado entre 2011 e 2013, "Retorno a Homs", de Talal Derki, mostra o promissor goleiro sírio Basset ser tragado pela escalada do conflito em seu país. De militante que entoa canções contra o ditador Bashar al-Assad, o jovem se transforma em insurgente.

"É a documentação de um acontecimento cheio de agonias humanas, não o registro histórico, sem adrenalina", diz Derki à Folha.

Ele filmou sob nome falso, sempre temendo os franco-atiradores de Assad, conta.

No documentário, vencedor do prêmio do júri em Sundance, o festival de cinema americano, a transformação de Basset é análoga à da cidade de Homs: aos poucos ela é vista sendo sitiada e bombardeada. Dezenas de corpos passam pela tela.

"Faríamos o filme em apenas um ano, mas ninguém imaginava que a revolução fosse durar tanto", diz Derki.

Foi no calor do choque entre PM e manifestantes em São Paulo, dia 13 de junho de 2013, que Tiago Tambelli chamou 30 amigos no Facebook para filmar "20 Centavos", sobre os protestos no país.

"O Brasil não tem essa tradição de documentar crises sociais", diz o diretor. "Naquele episódio ficou claro que as coisas iriam pegar fogo e que tínhamos de filmar."

Em seu média desfilam indistintamente os grupos envolvidos: de gente contra a alta da tarifa a black blocs.

"Não existia uma pauta para guiar as filmagens. A ideia era captar a espontaneidade e as várias vozes da rua", diz o cineasta, que reuniu cerca de 80 horas de filmagens.

Sob o mesmo tema, "Com uma Câmera na Mão e uma Máscara de Gás na Cara", de Ravi Aymara, disputa prêmio de melhor curta brasileiro.

URGENTES POR ACASO

O acaso é o que dá urgência a outros dois documentários do festival: o russo "Gasoduto", de Vitaly Mansky, e "Nelson Mandela: o Mito e Eu", de Khalo Matabane.

Lançado meses antes da crise na Ucrânia, o filme de Mansky mostra quem vive em torno do duto que leva gás da Rússia para a Europa --questão que permeia o conflito.

Já o filme sul-africano foi concluído meses antes da morte de Mandela (1918-2013), em dezembro.

"As ideias dele eram complexas e contraditórias", diz Matabane, que entrevistou Henry Kissinger e o Dalai Lama para discutir o legado do líder "de forma honesta o legado, além do mito".

Fora da temática urgente, "A Canção da Floresta", de Michael Obert, abre a mostra com a história de um americano que se apaixona pela música dos pigmeus.


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