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Crítica - Drama

Sem julgamento, filme mostra conflito entre Israel e palestinos

Questão geográfica é posta como peça central de 'Belém - Zona de Conflito'

INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA

"Belém - Zona de Conflito" apresenta-se, primeiro, como um "thriller" de espionagem. Razi é o agente do serviço secreto israelense que, para controlar movimentos palestinos radicais, serve-se de um jovem informante, Sanfur.

Os motivos que levam Sanfur a colaborar permanecem um tanto obscuros. O certo, porém, é que Razi tem o rapaz como filho e espera que o inverso seja verdadeiro.

Ocorre que Sanfur é irmão de Ibrahim, líder da Brigada dos Mártires de Al Aqsa, que prepara atentados contra Israel, de onde decorrerá uma série de outras questões.

Elas podem ser políticas (Sanfur é pressionado a lutar pela libertação da Palestina), familiares (o pai o despreza, talvez por conhecer suas ligações com Israel) ou mesmo psicológicas (a necessidade de vingar pessoas próximas mortas por israelenses).

Há dois pontos de interesse fundamentais. O primeiro, exterior ao material filmado (mas não ao filme), é o fato de o diretor, Yuval Adler, ter sido efetivamente membro do serviço secreto de Israel.

No mais, o corroteirista é um jornalista muçulmano especializado em questões palestinas. Tudo isso confere credibilidade ao menos inicial à narrativa, embora não seja o mais relevante.

A questão geográfica é a que mais impregna a matéria do filme. A cidade de Belém, na Palestina, fica a uma pernada de Israel. Eis a questão central: o ponto em que o filme, de maneira sutil, acaba por encontrar os novos historiadores israelenses (que, via de regra, vivem meio que refugiados na Inglaterra).

Ou seja, "Belém" acaba por questionar a ideia de ocupação da Palestina por Israel mais pela proximidade entre os dois territórios do que por qualquer outro motivo (não que não existam ou sejam omitidos).

A julgar pelo filme, vemos que não resta opção de resistência aos palestinos que não sejam os atentados a Israel. E a Israel não resta senão defender-se dos atentados.

O filme não faz comentários a respeito: limita-se a mostrar a existência dos dois lados e as opções que lhes são dadas. Não é pouca coisa. Esse silêncio é a maior virtude.

O que virá não é problema do filme, claro. Sua virtude, apesar de alguma inconsistência, é expor a situação a longo prazo insustentável.


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