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Crítica - Romance

História brasileira ganha tons de novela mexicana em livro

'O Segredo da Bastarda', de Cristina Norton, mistura acontecimentos do reinado de d. João 6º com ficção

SE A HISTÓRIA É BOA, O TEXTO DE CRISTINA NORTON É APENAS LEVE E AGRADÁVEL. PORÉM, O GÊNERO É APAIXONANTE

MARY DEL PRIORE ESPECIAL PARA A FOLHA

Carlota odiava João, que amava Eugênia, que amava William, que teve que ir embora! Amores frustrados sempre dão bom caldo. Sobretudo num romance histórico.

Mais ainda, quando se conhecem os protagonistas: o gordo e feio d. João 6º; sua eterna esposa e vilã Carlota Joaquina; a jovem Eugenia, filha de dom Rodrigo de Menezes, governador da capitania de Minas Gerais, e William Beckford, aristocrata inglês que deixou um relato sobre Lisboa, cheio de ironias.

Há um pouco de tudo no pano de fundo: a curta passagem pelo Brasil, os incontornáveis Tiradentes e Aleijadinho, a invasão de Portugal por Napoleão, a pequena resistência em Olhão, a transferência da corte para o Brasil.

A narradora é a bastarda, Eugênia Maria, nascida das visitas que fazia contra a vontade da mãe, o futuro monarca. Ele, apaixonado. Ela, submissa. Sua interlocutora, a filha, Isabel Maria, tuberculosa e moribunda.

O relato é intercalado pelos pensamentos de Nossa Senhora, fada madrinha da vítima, que nunca acerta ao interferir no destino de sua protegida.

Sobretudo porque essa carrega a culpa das "sujidades" cometidas com d. João.

Depois de anos enclausurada, lágrimas, sofrimento, distância da família, morte da melhor amiga, Eugênia Maria descobre que a carta em que d. João reconheceria a filha dando-lhe todos os direitos, se perdera. Razão, pois, para tomar o véu e morrer de desgosto.

Eugênia Maria deixa o convento onde enterrou a mãe, para se casar com outro bastardo: um filho do soberano da Inglaterra. Tem com ele extensa prole, mas ninguém lhe sobrevive. Nem mesmo Isabel Maria que falece ao festejar seus 15 anos e ouvir a confissão: era neta de rei.

A fada madrinha não transforma a abóbora em carruagem e nem tem final feliz. Afinal, quem faz o mal tem de procurar seu remédio: lógica da época.

Novela mexicana? Não, portuguesa. A autora é argentina, mas moradora, há anos em Portugal.

Se a história é boa, o texto é apenas leve e agradável. Porém, o gênero que mistura personagens e fatos históricos com ficção, apaixonante!

Na Europa e nos EUA milhares de leitores devoram as obras de Walter Scott, Alexandre Dumas, Antonia Fraser e Marguerite Yourcenar. Nós temos mestre Agripa Vasconcelos ou o premiado Antonio Barreto. Conclusão: com autores muitos bons ou menos bons, sempre vale a pena ler história, se divertindo.


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