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Crítica suspense

Brasileiro 'Confia em Mim' não gera identificação com público

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Confia em Mim", de Michel Tikhomiroff, é anunciado como um suspense. No caso, um filme brasileiro de gênero, de uma cinematografia em que só comédias e filmes espíritas costumam fazer sucesso. É salutar torcer para que seja bom. Não por sua nacionalidade, mas pela carência de bons filmes.

A participação da Globo Filmes possibilitou a presença de dois bons atores de novelas: Fernanda Machado e Mateus Solano, que contracenaram na recente novela "Amor à Vida". E o longa ao menos é bem filmado, o que ajuda bastante.

Mari (Machado) é uma talentosa subchef de um restaurante cujo chef é meio incompetente. Ela claramente tem o talento desperdiçado ali, limitada pela posição e pelas receitas acomodadas de seu superior.

Numa degustação de vinhos, conhece Caio (Solano), que se anuncia como um empresário do ramo de exportações, e com ele inicia um romance que parece talhado para durar. Ele se mostra compreensivo e prestativo, e a ajuda a montar seu próprio restaurante.

E é precisamente aí que começam os problemas, para Mari e para o filme. O espectador sabe que está vendo um suspense, e imagina que a qualquer momento esse romance dos sonhos vá mostrar sua verdadeira face. Quando isso acontece, ainda na primeira metade, o efeito é devastador para ela, e prejudicial ao filme.

Porque com a progressão narrativa, surgem dois problemas sérios. Um é de ordem ética, e não convém mencionar porque prejudicaria a experiência do espectador. Basta dizer que seria facilmente solucionável com uma construção mais complexa dos personagens. O outro é um tanto mais complicado de se resolver.

Mari, uma moça talentosa e inteligente, é enganada bestamente por Caio. Por mais que o vigarista seja muito habilidoso e carismático na arte de seduzir mulheres, fica difícil a identificação do público com uma protagonista tola o suficiente para ser enganada dessa maneira.

É o mesmo problema de "Chamada a Cobrar" (2012), de Anna Muylaert, no qual uma mulher demora para perceber que foi vítima de um trote dos mais manjados.

Não interessa se as pessoas são enganadas assim diariamente. Interessa que personagens com esse aspecto negativo do real dificilmente dão certo em cinema, a não ser em sátiras ou paródias.


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